De todos os lados surgem videos em tom de aviso premonitório sobre a hipocrisia inerente ao mundo ocidental e os seus valores de auto defesa e protecção quando se trata dos ataques de Humanismo em causa própria. Haja ataque em país desumanizado segundo os padrões do croissant parisino, chocolate belga ou disco clube norte americana que ninguém coloca uma bandeira comemorativa na sua imagem de perfil a solidarizar-se com o ocorrido.
Podem as bombas cair em capitais terceiro mundistas, países inimigos que nos fornecem petróleo e a quem vendemos armas a troco da nossa subsistência em matéria prima que nada ou ninguém faz o alarido verborreico de ser o Charlie desse outro.
Não sei se é triste, a não ser quem sabe deveria, mas é mais cultural que mediático.
As notícias são publicadas, apenas consentimos em não as ver ou republicar com o ênfase que deveriam, poderiam, não teriam porque ter. A cultura que nos aparta nesses ataques, ainda que sejamos todos tão Humanos e mortais – porventura uns mais que outros – é justo aquilo que nos aproxima mais dentro de um mundo ocidental que daquele que é oriental.
Pouco ou nada se sabe da China a não ser quando se toca nesse gigante adormecido para dizer que nos invade de alguma forma. Falamos sempre com uma vontade Globalizante, como se a aproximação fosse algo que na verdade fosse algo a ser querido, quando o preconceito é uma cambalhota que se dá a toda a hora.
Em detrimento próprio, todos escolhemos – como cidadãos anónimos, essa massa indigente, contingente de Humanidade que se produz e reproduz – ser absentistas como consciente inconsciência de vida.
A hipócrita cambalhota absentista é justo o que hoje se vive.
Escolhe-se ser algo durante parcos segundos, um momento cristalizado no tempo, esse afecto relativista sobre o pensamento que nos livra de toda a suspeição sobre o que possamos (ou queiramos) pensar, relegando ao outro o processamento da culpa inerente que nos habita.
É tudo mascado, escarrado, cuspido e ingerido processado.
A maioria já nem sabe porque apenas é Ocidental sem compreender o Oriente que o assusta. É porque alguém lhe disse para ser.
É porque o populismo de massas, dessa massa indigente, no contingenciamento da Humanidade que nos faz ser cidadãos anónimos, disse que o era.
Somos hipócritas. Hipócritas em causa própria.
Resta saber até quando?