Para quem me conhece, sendo a minha verborreia não apenas artifício de escrita, sabe que não preciso de muitos factos – ou quase nenhuns – para defender os meus argumentos. A análise crítica da História na sua vertente histórica construída das estórias, esse alicerce que do eu passa para o nós e cria o todos, é fenómeno maior.

A minha análise, ou crónica sistemática, é sistémica nesse sentido. É mais pessoal na proximidade por deixar aberta a porta à contradição e não à imposição da escolha.

Ainda assim há temas sobre os quais merece apenas rever a similitude e não recair no esquecimento. O Brexitregrexit, é fulcral neste momento.

Vamos falar muito seriamente. Não é do interesse particular do Reino Unido que a União Europeia se fragmente de forma inapropriada, gerando uma crise monetária sistémica e universal sem precedentes.

Só quem vive isolado da realidade globalizante actual pode achar que os mercados, essa lepra contemporânea que nos assola desde inícios do séc. XX, não irão reagir em consonância global.
Se a crise de 2008, quando os EUA tiveram a sua bolha do subprime, segue a repercutir efeito, que seria agora de todo um mercado Europeu?
Preferir o declínio propositado da União Europeia é o suicídio do projecto Ocidental, não de uma União com problemas graves mas pontuais. Ignorar isso em detrimento de uma vitória nacionalista patriótica é pensar na próxima eleição e não nas futuras gerações.

2016_1942.jpg

Agora invoca-se a possibilidade rápida do afastamento. Da racionalidade em vez da ponderação em detrimento do contigenciamento. Art° 50 já. Ou logo, filibustando à Britânica, art° 49 para um retorno sem saída efectiva. Martin Schulz, Presidente do Parlamento Europeu, propõe mesmo, neste rescaldo Britânico, a criação de um Governo Europeu para ampliar a transparência pública e participação directa dos cidadãos comunitários em todo o processo Europeísta. Esquece-se, porventura, que o sufrágio universal – uma cabeça um voto – perderia a paridade no equilíbrio populacional entre os maiores e menores países Europeus.

Por vezes pergunto-me se não estaremos prestes a assistir à Europa, a União, assinar um novo Tratado de Versalles, só que desta vez desfasado no tempo, como se o populismo nacionalista que mais tarde surgiu nos anos 1930, estivesse a despontar na Europa da austeridade. Os sinais são mais que aparentes. É o receio das emigrações, o racismo contra as franjas da sociedade, a xenofobia salarial.

Que nos espera: a 3ª guerra mundial contra os efeitos da globalização?
Combatida por quê ou quem, drones e uma geração munida de smartphones?

Não. O projecto Europeu, de Schuman et al, tem de voltar. É federalista? Em parte. Identitário? Sim.
Mas sobretudo, por ora, sem o Reino Unido.

Nota:
Postal propagandístico francês, celebrando a Páscoa de 1942, onde o Reino Unido, aludindo à defesa Judaica, se afasta de uma Europa em cisão em plena guerra, unindo-se à potência Norte Americana.

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