Já se podem riscar as opções todas: o Reino Unido (até ao próximo referendo) sairá da União Europeia.
Mas por trás do epi-fenómeno momentâneo que embeveceu o mundo do capital e finança, disparou os juros e fez o colapso das bolsas um pouco pelo mundo financeiro todo esconde-se uma verdade mais interessante de se rever, ler e analisar que somente partir desse princípio de razão ideológico: o Brexit venceu!

Para começar há que se começar por analisar o discurso extremista que se levanta um pouco por toda a sociedade Ocidental.
Surgem, na continuidade da eterna crise de 2008, as sucessivas gerações à rasca, descontentes com a precariedade laboral, com a imposição dominante de uma máquina Estatal aparelhada por burocracia cega, surda e muda, onde o Ser Humano não é individuo, antes um número de cobrança coerciva monetária. Enquanto a pauta ideológica de Esquerda busca a eterna igualdade Social para todos, a extrema Direita torna-se mais perigosa pela exclusão como suposta retaguarda de defesa.
Se o modelo de Esquerda tem tido diversas experiências falhadas ao longo dos últimos cem anos, a extrema Direita existiu na sua plenitude com o Nacional Socialismo Hitleriano.
Entre estes modelos existe o denominado Centro, entre o Socialismo e a Direita moderada, a Social Democracia.

Este modelo que tem governado em perpétua oscilação os mandos e desmandos de uma União Europeia concebida na batuta dessa Paz artificial, transformou-se em artifício de vozes que não representam o voto sufragado pela maioria dos eleitores Europeus.
A soma dos descontentamentos individuais esbarra na teoria do voto democrático feito razão máxima convertida em representação por procuração.

E aqui entra a relativização que a demografia tem dentro de uma união cada vez mais envelhecida.

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O referendo à permanência do Reino Unido dentro da União Europeia tem diferentes leituras.
Se a questão monetária, criando o fosso de exploração política relativo à precariedade laboral, se revê nas áreas em que o voto para sair teve maior impacto, a planimetria de análise transforma-se completamente quando se analisa a votação por faixa etária.

O voto para sair venceu com 51,9% dos votos, mas ao se decompor o mesmo compreende-se a importância relativa que a idade e experiência de vida teve no peso do voto.
61% dos que queriam sair tinham mais de 65 anos, enquanto 75% dos que queriam ficar tinham entre 18 e 24 anos. A quebra na inversão apenas ocorre a partir dos 50 anos, quando 56% quer sair versus os 56% que queria ficar na faixa etária anterior entre os 25-49 anos.
Concretizando isto compreende-se que a nova geração, refutando até uma visão extremista e de medo, preferia ficar na União Europeia correndo os inerentes riscos que isso poderia representar.

Óbvio que a resposta que já surgiu acerca do tema reverteu-se na consciência colectiva da maioria mais velha, qualificada acerca das políticas primordiais da CEE, actualmente desfeitas em detrimento de outros valores menos transparentes. Seria até a geração que havia criado a União Europeia a corrigir o erro sucessivo que se originava.
Rebate-se o argumento com facilidade justo pela nova geração ser muito mais orientada à globalização – sobretudo num mundo cada vez mais virtual e viral – que a geração precedente.

O dia seguinte ao Brexit terá que digerir o dogmatismo político hipócrita todo.
Se por um lado, e honra lhe seja feita, o Primeiro Ministro David Cameron apresentou a sua demissão do cargo por compromisso de causa, o mesmo não se pode dizer das responsabilidades ideológicas que muitos apregoam dentro dos partidos e depois vociferam onde lhes convém.

O fenómeno das Geringonças começa a tornar-se a bête noire Europeia desse descontentamento baseado nessa geração que repercute um voto maioritário dentro de uma União demograficamente envelhecida. Tal como se viu, o extremismo Britânico não agrega as camadas mais jovens, pelo contrário, é o conservadorismo bacoco em busca de uma suposta salvação.
Se aqui em Portugal temos um Governo que se diz Europeísta, quem lhe dá apoio parlamentar é agressivamente contra e fez por demonstrá-lo de imediato mal soube da vitória do Brexit.
Por outro lado, os seus partidos satélite como o podemos Espanhol ou o Grego Syriza, tão radicais quanto, quer seja por necessidade de voto ou condicionamento amoral que a ideologia perverteu, rebaixaram-se nesse comprometimento anti-natura da sua concepção original para dizer que apoiavam o ficar na União Europeia quando tudo no seu ADN diz o contrário.

Reconheça-se o (des)mérito de partidos à extrema Direita como a Frente Nacional que mantêm o seu recto e inabalável discurso de sair por sair da União Europeia.
A sua adaptabilidade é nenhuma, revelando a forma como pretendem governar caso se elejam.

A questão que jaz subjacente a este ‘day after’ e que se insurgirá nos próximos dias, meses, quiçá ano, é esta ideia extremista da tabula rasa.
As ideologias extremistas partem do princípio ideológico que a quebra do compromisso estipulado, ou o chegar com as supostas viragens de página, fins de austeridade, palavras dadas a serem honradas, se fazem sem a consequência dessa causa fracturante. Não compreendem que apesar da sociedade se ver a braços com crise financeiras despoletadas pelo mundo da finança, agravadas pela economia, não basta cortar de um lado, retalhando do outro, esperando cura imediata sem que a doença tenha sequer sido tratada.

Enquanto assim prosseguirmos, bem podem todos os países auto-determinar as suas EXIT que não será essa a solução.

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