Hoje os Britânicos Unidos vão às urnas para referendar se unidos estão contra um Brexit ou Bremain. Se abandonam o projecto Europeu – do qual são fundacionais – ou ficam unidos com esta União desunida – refém de questões também elas fundacionais.
A questão fundacional é em tudo relevante numa análise ao que hoje se referenda e mais, a tudo o que desde logo se vai passar.
Se o Reino Unido – que desunido ficará caso saia da UE – sair, os problemas serão desde logo imediatos.
Caso permaneça, há ainda tempo para para uma reflexão existencialista acerca da União que nos faz existir como Europeus.
Helena Garrido, agora colonista do Observador, analisa de forma contundente o grande desafio dessa existência.
Desde logo a proposta feita por David Cameron em referendar a permanência do Reino Unido na UE trouxe a pertinência da mesma. Não vale tudo para manter ou conquistar o poder, pondo em risco todo um sistema politico, económico mas sobretudo social.
Em seguida, decorrente desse alto risco, questionou – porventura de uma forma nunca antes tão pertinente – a cegueira das políticas conjuntas que se exercem no coração Europeu. A política tem voltar ao centro da construção europeia, rebatendo a ideia centrada (quase) sempre na ideia da economia e finanças sobre o cidadão como individuo.
Por último, e mais importante, a maior lição – se assim se puder chamar – que este referendo traz, é questionar o relevo que a burocracia e tecnocracia tomou dentro da União Europeia. Há que regressar a uma União de Homens, de ideias debatidas e não escondidas atras de relatórios e pontos de vista.
Como defendeu Adriano Moreira, precisam-se vozes encantatórias na Europa. Eu acrescento, precisamos de Estadistas, não políticos que governem para a próxima eleição.
E lá está, o voto que decidirá a União ou a sua ruptura tem sempre esse desafio.
Evidente que uma Europa unida será sempre mais forte face à adversidade que uma que se predisponha a retalhar. Vontades independentistas não faltam. Se a Escócia seria desde logo a primeira – por motivos de ordem lógica, na terra de Nuestro Hermanos a Catalunha pediria logo atestado de quite para se tornar no mais novo Estado Membro de uma Europa extremista.
Caso o ficar ganhe a fragilidade política mantém-se.
Cameron será a primeira vítima, pois Estadista não é e de políticos medíocres vê-se rodeado. O seu partido vota ficar, mas o seu contingente grita sair.
Dito isto, há quem seja apologista do dividir para reinar. E reinar aqui não parece ser uma palavra distante da realidade.
O video (digamos) educativo do jornal The Guardian explica (para os não residentes) quem e porquê votam a favor e contra ficar ou sair da União Europeia. E lá está, a memória do Império, a retórica Monárquica, o conservadorismo do medo sobre a suposta invasão de refugiados criam essa falsa ideia de que, se o Reino Unido sair a solução torna-se aparente.
Evidente que falta relativizar os factos económico e financeiro, a desvalorização cambial, o mercado bolsista e todo um planeta que olha para números cifrados com a desconfiança das escolhas que um país fará.
Certo é que seguiremos todos a existir uns sem os outros, mas subsistiremos?
O Reino Unido unido decidirá.
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