Passando a óbvia publicidade a uma marca de pastilhas contra a indigestão e azia, o slogan publicitário serviu de arremesso contraofensivo político quando a Esquerda se uniu para Governar ao se ver derrotada nas legislativas de 2015.
Bastava iniciar-se uma conversa mais dialogante onde a crispação política dividisse as opiniões sobre Esquerda e Direita no Parlamento, nomeadamente o seu Direito a formar Governo, que a qualquer argumentação que um defensor da extinta coligação PàF recebia de imediato a resposta da pretensa azia.

Até quando a Direita, pela voz do ainda Vice Primeiro Ministro Paulo Portas, chegou a designar que ali se formava uma tentativa de “golpe de secretaria” – referindo-se aos acordos que o PS firmava a portas fechadas com os partidos de extrema Esquerda – logo a oposição, vociferada pela voz viral de Isabel Moreira, deu uma resposta estridente a justificar a Constitucionalidade da formação daquela que foi apelidada de Geringonça.

A voz de um Povo está nos assentos da Assembleia, nos seus deputados. São eles que determinam a maioria que escolhe o programa político a ser prosseguido.

Certo, a frase anterior é minha, mas espelha bem tudo aquilo que se passou e repercutiu como a condição quasi sine qua non destas últimas eleições.
Ou seja, não havendo nenhum acordo previamente estipulado, sempre fora o vencedor das eleições, mesmo que por minoria, que lideraria o Governo. Agora mais não. Agora é assim, “une-se para reinar”.
E claro que, para o que agora se passa, existe respaldo Constitucional, embora possa pareça estranho do ponto de vista político.

É a adaptabilidade sócio-política no seu melhor.

Mas essa adaptação nem sempre ocorre, ou nem sempre é sintoma de aprendizagem mútua.
Veja-se o actual caso Brasileiro.

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Dilma foi afastada através do processo de impeachment, afastamento em português.
Trata-se da lei 1.079/50, onde se estipula não só a caracterização de crimes aplicáveis à perda de cargo político, como as fases subsequentes para o desenrolar do processo: admissão do pedido; defesa do acusado; julgamento e absolvição ou condenação.
O pedido de afastamento do Presidente da República por crime de responsabilidade pode ser feito por qualquer cidadão perante a Câmara dos Deputados, e no caso de Dilma Rousseff foi justo o que ocorreu. A denúncia apresentada pelo procurador de justiça aposentado Hélio Bicudo e pelos advogados Miguel Reale Júnior e Janaina Paschoal foi aceite a 2 de Dezembro de 2015 pelo Presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha.

Apesar dos escândalos políticos que envolvem a maioria dos deputados, Senadores, Ministros e afins que estão em contacto com o processo de impeachment, todo ele foi regido pela Constituição Brasileira e pela lei 1.079/50. Mesmo com diversas tentativas e jogos políticos para que o pedido de afastamento se visse anulado, ele prosseguiu.
Não foi golpe, foi rito processual.

Mas então que se pode dizer agora desta Esquerda que apelida o impeachment de Dilma de Golpe? Que o Parlamento Português é afinal ele golpista ou que o seu ácido gástrico entrou em refluxo permanente? A azia da Esquerda é, ao que parece, um reduto significativamente maior daquele que se fez à Direita.
A solução, ao que parece, serão as pastilhas Rennie!

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