Neste momento, crispado, em que as amizades estão num rubro de ideias e ideários políticos sobre a Constituição da República Portuguesa, falarei abertamente sem fazer uso da mesma, mas lembrando aquilo que é o bom senso e respeito que existe em alguém que respeita princípios de deontologia e ética que estudou, e mais, que foi aprendendo como pessoa que se considera idóneo sem necessidade que alguém lho diga que o é.
A Coligação venceu as últimas eleições de dia 4 de Outubro com uma minoria, facto comprovado pelo seu resultado, mas venceu-a com a premissa de ser uma coligação – dois partidos com um compromisso previamente estabelecido, tal como antes, nas últimas eleições, quando o PSD, com maioria, mas em minoria parlamentar, se uniu ao partido que, com um programa político próximo, se uniu a ele.
Ao ter ganho as eleições o Presidente da República conferiu-lhes a legitimidade governativa, mas, como fora indiciado por uma união de Esquerdas, cuja vontade em se unir apenas foi expressa após a derrota do Partido Socialista, o mesmo foi derrubado após apenas 12 dias.
A lembrar que o mesmo partido em campanha eleitoral disse algo em contra, e o contrário do mesmo, chamando aos seus opositores de Esquerda, pouco credíveis, assim como essenciais para uma hipotética, mas pouco necessária, sobrevivência política.
De momento discute-se a Constitucionalidade do acto. Ela existe do ponto de vista legal, no estrito sentido de que nada em contra existe na Constituição que vá em contrário do que se passa.
Por outro lado a sua legitimidade, nomeadamente do ponto de vista político – e porque não dizer ético; apresenta-se, e representa, uma profunda fraude a todos os níveis.
– A coligação PàF é uma Coligação, com ideias e um programa pré estabelecido como tal.
– O PS não era uma coligação, e para todos os efeitos, nesta sua união, segue sem o ser.
– O BE, o PCP e o PEV, concordaram, individualmente, a uma espécie de pacto de não agressão, desde que o PS os respeite nas condições que estes lhes imponham.
– O PS, para todos os efeitos continua a ser um partido com assento minoritário na Assembleia da República, mas com o apoio cooptado de partidos cujos programas políticos não se cruzam, nem têm que ver com o próprio programa do PS.
Depreende-se assim que, nessa Estabilidade apregoada, o PS se fez refém do que a Esquerda considere mais apropriado para governar Portugal, nomeadamente os principais pontos chave contidos nos seus programas eleitorais.
Se tal não é verdade, ou estamos perante a beatificação da Esquerda ao centro Esquerda – ou a um centrão Europeísta;, esquecendo os últimos 40 anos do que foi a ideologia e ninguém neste país mais tem palavra, ou António Costa pretende retroceder tudo o que o “seu” partido fez pela Democracia Europeísta em Portugal.
Estranho, uma vez mais, o silêncio do seu fundador, Mário Soares, sobre este tema.
Que dirá alguém que debateu com Álvaro Cunhal? Que esteve na Fonte Luminosa ou que, no fundo de tudo, era um anti-Comunista primário?
Porque o muro de 40 anos não caiu, foi desfeito por uma realidade que António Costa quer agora impor como tendo sido ele, o Messias de Fontanelas, a mostrar unir.
A Esquerda não mudou. São os próprios a admitir. E assim sendo, se eles não mudaram, o PS também não, afinal quem vai deixar de ser amigo de quem?
Claro que na equação entra o Presidente da República.
Por isso eu mantenho o meu “ainda” entre parêntesis.
Porque quem me lê e conhece, é inteligente o suficiente para não confundir circunstâncias de vida com opções, opiniões ou comentários políticos.
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