Quando a 10 de Maio de 1990 Fidel Castro inaugurava os primeiros Hotéis capitalistas na ilha de Cuba, ao largo de Varadero, construídos para os turistas estrangeiros, estadias pagas em dólar, o seu discurso para justificar tal inaudito contra o auto-intitulado Bloqueio terminava com o sintomático ¡Socialismo o Muerte! ¡Patria o Muerte! ¡Venceremos!.
Evidente que na conferência de imprensa que se lhe seguiu, onde as perguntas da dita imprensa livre se tentaram calar, houve alguém que lhe perguntou se não estaria a ir de encontro ao desejo Ocidental como forma de sobrevivência já que o seu ¡Socialismo o Muerte! se havia transformado em ¡Capitalismo o Muerte!
Fidel apressa-se a dar a sua versão dos factos, tão obliqua quanto a inaudita explicação que sempre fica por dar: porque fogem sempre os felizes cidadãos dos países das Democracias de Esquerda para os opressores países das Ditaduras de Direita?
A miragem açucarada do embargo, nesse raciocínio que uma quente Guerra fez fria, terminaram com a subversiva lógica que o Estado Cubano, nesse conceito de um abandono insular, lograria manter-se na deriva perpétua da exaustão ideológica ad perpetuam.
Só que o tempo do para todo o sempre, onde a ideologia não dialoga com o princípio da ideia, esgotaram-se.
Cuba não pode mais viver num faz de conta onde esse ¡Socialismo o Muerte! mata de verdade.
Onde o embargo, de ideia a quente, passa a um frio ideológico sem razão.
Só que os velhos hábitos levam tempo a mudar e a adaptação do ¡Venceremos! segue tão viva agora como nesse discurso derrotista que Fidel fez nos idos de 1990.
A humilhação Norte Americana ao ver o seu Presidente chegar a Havana, após um humorístico sketch telefónico com o cómico Panfiló, onde apenas o Ministro dos Negócios Estrangeiros Bruno Rodriguez o recebe já serviu de arma de arremesso político com Donald Trump a acusar o facto.
Não só isso como as violações aos Direitos Humanos em Cuba se viram representadas nessa opressão contra a liberdade, tendo sido as famosas Damas de Branco detidas durante a chegada de Obama.
Ainda assim, e apesar da Casa Branca rebater as acusações que lhe fazem pelo menosprezo mostrado até agora pelo Governo Cubano, Obama tem uma agenda complexa onde até se irá encontrar com dissidentes do regime de Castro.
Independente da aparente falta critica que muito dos gestos exteriorizam como precedentes protocolares, toda a visita da Comitiva Norte Americana foi estudada ao milímetro, havendo concessões mútuas, respeitando uma cartilha que não desvincule a memória Patriótica de algo que, a pouco e pouco se transformou num parque de diversões para não morrer.
Porque se Cuba se abre de forma descontrolada ao capitalismo puro e duro, algo se garante, aí Cuba não é mais Livre.
Good Morning America
O racional crítico de um intermezzo de 88 anos criou a cisão necessária a essa fusão.
O jargão popular expresso nos muros, nas paredes, nos slogans políticos ditos à exaustão fez-se a arma de arremesso perfeita à inevitável pergunta: Sr. Presidente, e os Direitos Humanos em Cuba? Como lidam os EUA com isso?
A resposta impiedosa, reproduzida de memória, é algo como dizer que lidam tão bem como o comércio feito com a China.
Tudo é sempre essa questão de perspectiva.
Se o ¡Socialismo o Muerte! ¡Patria o Muerte! ¡Venceremos! é o lema das Damas de Blanco presas ontem em Cuba, hoje foi um dia histórico para os não comunistas cubanos. Para todos os outros, para os comunistas, apenas mais um dia, pois esses já vivem no paraíso.