“Somos o único caso de democracia no mundo que condenados por corrupção legislam contra os juízes que os condenaram.”
Joaquim Barbosa, ex-Presidente do Supremo Tribunal Federal, 18 de Junho de 2013

A situação político social jurídica do Brasil transformou-se (ou já o era?) no enredo de um filme de John Waters. Simplificando, parece um filme de cult transgressivo, animado por essa miríade de personagens conhecidos por Dreamlanders.

Se tivesse que escolher uma adaptação musicada para descrever esse Bom Dia Brasil que temos, nessa narrativa de uma alegria de se aceitar ser quem se é, vivendo no meio de ratos, entre aqueles que se despem ou os que muito bebem, na sociedade de aparências onde o certo e o errado se confundem no preconceito colonialista que à raça já nada diz respeito, iria buscar esse Good Morning Baltimore de Hairspray.
Se no musical, feito filme, a musica descreve justo a normalidade em que uma adolescente vive para se integrar numa Sociedade feita desses padrões de aparente diferença e ignorância numa Norte Americana Baltimore dos anos 1960, o contexto político da aceitação racial toma o plano secundário que desvenda a trama.

No Brasil tudo parece semelhante, nessa adolescente Democracia (certo, um pouco mais velha) em que se testam os limites entre a Lei que se faz corromper face a uma política já de si corrupta.

Só que o bem de um não se pode justificar com o mal de outro. Para que a política, ou os seus praticantes, deixe de ser corrupta, não serve que a Justiça o seja também.
É consensual que o Juiz Sérgio Moro, ao divulgar as gravações que envolviam a Presidente do Brasil, mesmo tendo sido o telefone de um terceiro o escutado, quebrou a linha jurídica ao não pedir uma autorização prévia ao Supremo Tribunal Federal.
Também é facto que a Presidente cometeu um crime ao se provar que deu posse a um Ministro ao se publicar em Diário da República a sua posse sem antes da mesma ocorrer.

Good Morning Brazil.jpg

Só que no jogo de espelhos da culpa imputada a todos, surge Lula como o investigado rumo a foro privilegiado num Ministério feito à sua medida.
Porventura quem conseguiu, de forma mais simples e correcta, explicar tudo aquilo que se passa no Brasil foi José Padilha, o realizador dos filmes Ônibus 174 e os Tropa de Elite.

A sua descrição é sucinta e perfeita.
Existem três processos históricos distintos andando em paralelo e se retroalimentando. A combinação de mal-estar com a economia, revelações da Lava-Jato e a atuação de uma imprensa livre e combativa. Tudo isso produziu algo inédito no país: o andar de cima ficou vulnerável à aplicação da lei. É o que está acontecendo de concreto. Em torno disso, tem muita espuma: a tentativa de transformar um fenômeno de natureza policial e legal num embate político. Toda vez que alguém fala dos indícios avassaladores contra Lula, um petista diz que o PSDB também rouba. Tenta-se transformar tudo numa questão ideológica. Mas tudo é caso de polícia.

Eu resumo e dou o Bom Dia final.
O Brasil encontra-se num eixo axiológico de julgamento, entre a justiça e o justicialismo.
A política de Direita é demagoga e a de Esquerda populista. Entre elas, na sua “aparente” isenção, o judiciário. Espera-se dele essa neutralidade. Se não em 1ª instância, pelo menos no Supremo.
É que se tudo falhar, ou o golpe vier, os militares voltam, e nesse caso, dada a relação imprudente na separação de poderes, a culpa é do PT.

Mas não terá golpe. Nem acabar em pizza.

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