Finalmente se compreende como António Costa fez o seu passo de mágica sobre a conjugação verbal anunciada pelo ex-Primeiro Ministro Pedro Passos Coelho. Já sabemos como serão repostos rendimentos, revertida a asfixia fiscal e revogados os cortes das pensões e dos salários.
Simples, numa reestruturação da dívida Pública Portuguesa.
Exacto, assim, tal como descreve com alguma graça e maldicência o jornalista João Vasco de Almeida, António Costa reestruturou a dívida que Portugal tem para com o FMI e ao invés de a paramos nos próximos dois anos – como previsto – ficaremos a pagá-la até 2020.
Dirão os optimistas que até é bom, pois as condições acordadas foram melhores, com juros, a la longue, mais baixos, num acordo que deixaria a Grécia encarnada da vergonha vermelha de ter sido este Governo de Esquerda a conseguir fazê-lo. Mas não.
O facto oculto, mas que está à vista de todos, e que está explicito na notícia que originou todo o discreto burburinho viral, é simples: ao não reembolsar o pagamento e deixá-lo para depois, a sua almofada financeira aumenta. Aumenta para uns simpáticos 11,1 mil milhões de euros (tal como nos diz o artigo no Jornal Tornado), permitindo a série de benesses anunciadas pela Geringonça.
Só que aqui entra a conversa do “quem te avisa teu amigo é”.
É certo que o FMI já tinha avisado que Portugal deveria ter feito a reestruturação da dívida, só que isso enquanto a Troika estava em território Nacional e o controlo financeiro era seguido pela supervisão instalada. Não com a ausência desse escrutínio.
Fazendo bater o plano micro-económico de Centeno com a ‘magnância’ objectiva da sua macro-economia algo bate tremendamente errado. Não se pode estar a reverter, repor e revogar sem que isso nos traga uma consequência quando o milagre da multiplicação termine.
E por tal, imaginar – como o faz António Costa e esse seu jeito de negociante – que os credores são uns simpáticos senhores que não nos cobrarão sem dó nem piedade quando a hora deles chegar, é ser perdulário nesta hora do dar sem mais nada pedir em troca.
Seguramente quando o tempo de se cobrar para cobrir a falta daquilo que agora se gasta, a culpa será relegada ao Governo que anteriormente precedeu ao que se impôs na linha de sucessão democrática.
E num volte de face, ao gosto da piada fácil, o actual executivo até dirá #poracasonemfoiideiaminha.
Nota:
‘magnância’: magnifica ânsia de algo fazer
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