Fui educado numa geração que viu surgir uma classe trabalhadora mais protegida que as outras, com regalias profissionais sem um nexo plausível e que nesse século XX distante deveriam ter ficado. Refiro-me, como é óbvio aos Funcionários Públicos.

Quando a restante massa trabalhista cumpre as 40 horas constitucionais, eles cumprem 35.
Quando o público tem 25 dias de férias, o privado 22.
Quando os subsídios de uns são tanto, os de outros tampouco.
Um autêntico “Vão se f#der!” que durou até a Troika se instalar em Lisboa nos idos de 2011.

Durante a vigência externa no País de brandos costumes a polarização foi-se equilibrando e a questão dessa educação que assisti ao longo da minha juventude dissipando. Público e Privado tornavam-se prestadores de Serviços com uma equidade semelhante, ainda que isso eriçasse essa voz operária Sindicalista.

Após a queda induzida do Governo que liderou o pacote de medidas negociado por quem inflou a bolha financeira ao seu rebentamento estamos de novo na retoma da equidistância entre Público e Privado.

Já não basta a reversão Educativa a meio de um ano Escolar, com um Ministro de grosseira eloquência a dizer algo sui generis como “Sabemos que o sucesso escolar é o grande entrave ao progresso das qualificações”, quando uma das condições para as Admissões Estatais é o sucesso Escolar em matéria de Qualificações.
Mais ainda, o recém empossado Governo dos quase 100 dias, dessa cornucópia de abundância, ainda se vê a braços com a colocação dos 233 estagiários seleccionados para o Ministério da Justiça por falta de verba.

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Perante isto tudo que dizer da voz operária Sindicalista que, novamente, se insurge contra esta Geringonça manca sobre a reversão populista das 35 horas laborais para a Função Pública?
Não vai o Governo de Costa esbarrar no Diploma do Tribunal Constitucional que aprova a lei das 40 horas de trabalho na Função Pública? Ou se o fizer dirá, tal como o Ministro da Educação, “quem Governa somos nós” mesmo que exista alguém que diga algo em contrário ou que sirva de aviso premonitório.

Mas de facto compreende-se a noção de uma Voz Operária. Quando o objectivo é a destruição do chamado grande capital (nem isso eu o chamaria) em que a política aplicada é a de uma reposição, reversão e corte de tudo o que antes – a muito custo Nacional – se fez, em prol de nos tornarmos na Nação Falida do pleno emprego Estatal, comiserada na ponta de uma Europa pronta a deixar-nos na penúria, mais vale assumir essa voz que inspira em nós e dizer: já só nos falta a política do filho único para sermos uma República Popular!

Nota:

Faço uma ressalva pessoal a todos os verdadeiros operários deste país, sem os quais muito do que vemos existir não existia (passo a redundância).
Esses vêem-se muitas vezes presos num reduto de indigência e ignorância imposta pela máquina Sindical que os torna mais mendicantes que pro-activos na sua individualidade.
Nada tenho contra a verdadeira Voz do Operário. Sou é contra um Estado que nos faça mecânicos face a promessas irrealizáveis ou sustente a ideia permanente de uma classe proletária sem essa escapatória possível.

A ode final ao filho único é justo essa, enraizada na filosofia Maoista da Revolução Cultural, em prol da melhor saúde e educação para todos, o Governo Chinês, de 1978 até ao ano passado de 2015, proibiu gerações de filhos como sustento laboral em detrimento dos “pequenos imperadores”. Idiossincrasias numa ideologia que se soube, de facto, refazer.

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