Em 1965 o advogado André-François Raffray fez uma proposta irrecusável a uma velha Senhora Francesa. Ela com 90 anos e sem herdeiros venderia os seus direitos de propriedade do seu luxuoso apartamento em Arles em troca do pagamento de 2,500 francos mensais ao advogado com 47 anos.
Visto o mercado de então, a idade da da proprietária e a longevidade de ambos, em 10 anos o negócio estaria concluído e o apartamento assegurado nos bens e posses de Raffray.
Era um facto consumado.

O que o o advogado e a sua mulher jamais imaginaram tudo o que ocorreria nas décadas seguintes.

Se a proposta começava a correr bem, quando a velha Senhora celebrou o seu 100ª aniversário a causa de preocupação começou a ser evidente. Logo mais, em 1988, o seu estrelato à fama teve reconhecimento Internacional quando a velha Senhora é reconhecida por, no centenário da visita de Van Gogh a Arles, o ter conhecido pessoalmente. Por essa altura ela já tinha 113 anos e mesmo vivendo num lar e tendo aparecido no filme ‘Vincent and Me’ – o que a torna na mais velha actriz de cinema na História contemporânea – continuava proprietária do apartamento a receber o seu pagamento mensal por parte do advogado.

Em 1995 o facto muda de figura embora a proposta se mantenha igual: André-François Raffray morre com um cancro aos 77 anos, mas a sua mulher continua a pagar as prestações mensais à velha Senhora. Só dois anos depois tudo se inverte e o facto se consuma, embora a proposta era já consequência de uma irrecusável desvirtuação temporal. A velha Senhora, com 122 anos e 164 dias, acaba por morrer e a Família do advogado ficar com o bem adquirido ao longo das últimas três décadas.
A glória é pouca, pelo menos para quem herda um imóvel desvalorizado e que lhe custou o triplo, enquanto a velha senhora, de seu nome Jeanne Louise Calment, é reconhecida como a mais longeva cidadã Francesa até à actualidade, assim como o recorde Guinness como Decana da Humanidade.

Ou seja, há propostas que, apesar de nos parecerem aliciantes, os factos acabam por deitá-las borda fora.

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Portugal vive agora, nestes seus 40 anos de Democracia, uma proposta aliciante dessas.

O novo Governo propõe-se a Governar na filosofia ideológica Socialista Comunista de extrema Esquerda do tempo indeterminado – ou a isso a geringonça se aproxima na ambição – mas a verdade é que se pretende instalar num país mais longevo, e feito de memória Conservadora, que a própria vontade articulada de uma mão cheia de políticos sagazes em busca da sua própria sobrevivência.
Por aqui já muito ocorreu e passou, e as sucessivas tentativas tornaram-se num crepúsculo. Todas elas.

O opúsculo português é mesmo esse, o do desenrascanço frente a quem se pretende instalar por estas bandas não sendo genuinamente destas terras.

Se na errata dos cálculos que já antes fiz, em que Deux Ex Machina tudo justifica e nos rouba os 36 anos da praxe, a Democracia instalada larga agora a sua bonemia de aceitar as propostas ardilosas – deixando a inocência de parte – para fazer prevalecer os factos concretos.
A Pátria cujos líderes fazem pose de ser quem deu novos Mundos ao Mundo não pode viver desapossada no ermo acutilante de uma Europa que ignora o seu maior recurso: todo um Oceano de oportunidades.

Facto, não proposta, a ser lançado borda fora à conquista.

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