O ser e ter está de novo na mira da objectiva.
É que nesta questão de se ter orgulho e ser-se orgulhoso vai uma equidistância unilateral de sobremaneira.
Se já antes mencionei que ter algo é manejável na sua posse, ser-se é algo que não nos cabe a nós determinar sermos donos.
Dito isto, e relativizando a objectividade da crónica, depois de ouvidas as partes interessadas na posse de António Costa a São Bento, fica aquela questão: É posse ou pose?
Eu jamais me poderei intitular ser algo que só o tempo dirá que fui, em contrapartida a algo que posso ter e o tempo se encarrega de me poder tirar.
Ou seja, se o Presidente decidir que ‘aquilo’ que o Partido Socialista de António Costa apresenta não é sólido o suficiente – como qualquer leitura da documentação tornada pública constata – pergunta-se como pode uma pessoa assumir ser aquilo que ainda não foi.
Ou pelo menos apresentar-se como sendo algo que não tem direito a ser.
Isto de ser o que é é justificável pelas opções tomadas na consciência do ser.
Já o ser quem se é é obrigação de um traço genético herdado.
E nisto, pelo percurso sinuoso de António Costa, pelo caminho por ele trilhado, não resta muito a dizer, a sua posse será uma pose. Pose de algo que nunca lhe pertenceu, mas a ser sua, terá um orgulho tal, como se tivesse sido ele o vencedor na noite eleitoral.
Em contrapartida no inverso da balança, se a pose amuada da Coligação vencedora, reprovada à partida sem chegada não mudar, a pesporrência apenas enfraquece aquilo que pode ser uma altiva campanha política para derrotar um fraco Eixo Aliado.
Espera-se uma contingência de risco, e menos frugalidade verborraica, em que a ‘palavra dada e honrada’ fique na boca daqueles que não podem, agora, falhar.