A vida não é só uma lotaria de nascença, desse capitalismo da austeridade que rege a pragmática ideologia que se diz seguir.
Isso é o facilitismo idiótico que define os ignorantes como sendo ou de Direita ou Esquerda, brancos ou negros, estando certos ou errados.

Delimitar isso é não perceber essa condicionante orgânica que nos faz iguais: somos Seres Humanos.

Mas nem todos, nessa lotaria, são Humanos.
São-no ao nascer, tudo o resto se define com a educação recebida.

Faz-se nota: educação não é ensino. Ensino é o que se recebe no espaço escolar, Educação são os valores que nos são passados pelos nossos, pela família, pelos amigos, pela Sociedade em que nos inserimos, e com a qual buscamos nos identificar.

Tendo esta premissa, quase tudo se encaixa nas repercussões que a usurpação de valores tem tido nas últimas gerações. Quase tudo faz explicar os ataques terroristas da sexta feira passada, 13 de Novembro de 2015, em Paris.

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Vivemos o declínio de uma Era de Paz lograda e forjada no capital.

Pela prosperidade nessa confiança mútua de que a matéria-prima seria sempre o garante de entendimento. De que a ganância era apenas amiga do inimigo e não dos nossos parceiros ou aliados políticos. De que o Mundo, ou um Mundo, era estático.
Não foi, e a matéria prima ou esgota-se ou serve de chantagem monetária.A Era de Paz, de sucessivas gerações esquecidas do embate em combate, vive alienada da realidade.
Desde 1945 que assim o é.
O nosso mundo são guerras em ecrãs e mortes em números no roda-pé dos telejornais. O cheiro é descrição, a vida é emoção musicada nas lembranças e momentos de silêncio.Hoje somos a geração que falhou.

A realidade seria uma promessa de sucesso, a sua falência é o protesto dos radicais consequentes – os rebeldes com causa, com efeito.

A saída transforma-se em extremismo.
O extremismo de Pais que trabalham para sustentar um bem-estar artificial para filhos relegados a serem educados num sistema de ensino debilitado. De gerações preocupadas com um exterior estético sem cultivarem uma qualquer intelectualidade producente.
Da aparência elitista, buscando pertença na igualdade, primando pela vacuidade.Deseducados há espera de ensino.Mas lá fora, longe deste nosso Ocidente de ideais, outros existem, de educação e ensino díspar e longínquo do nosso. Radical, inconsequente e extremista.
A sua verdade é a nossa destruição. O seu mal é a nossa existência.
Se nós somos a Direita neoliberal, eles são a Esquerda proletária.
Se somos brancos racistas, eles são negros reaccionários.
Se nós estamos certos, eles provam que estamos errados.

Mas há algo correcto nisto:
Eles são, tal como nós, Seres Humanos, só que de Humano, nada têm.

Tudo por causa da educação, a que se recebe e distribui, em prol da dignificação do indivíduo, da Comunidade, da Sociedade, das Gentes, do Povo.
Desta que é a Raça Humana.
Que de Humana pouco parece ter.

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