A Venezuela é mundialmente conhecida pelas suas Misses Mundo. As mais perfeitas e produzidas espécimes do sexo fraco, dali nascidas e criadas como fruto de uma tentação proibida feita mito de uma realidade idealizada.
Na verdade tudo na Venezuela das últimas duas décadas é uma fantasia feita realidade cuja base é uma ideologia de criação lúdica e consequência nefasta.
Quando Hugo Chavéz sobe ao poder em 1998 foi como se uma esperança contra o Pacto de Punto Fijo tivesse surgido para tudo mudar.
A pobreza avassaladora que era o dia a dia dos Venezuelanos iria se reduzir em pouco mais de uma década, e de 49,4%, em 1999, desce para 27,8%, em 2010.
Uniu todas as forças de Esquerda no seu Partido, Movimento Quinta República, criando uma frente de combate contra toda e qualquer oposição existente de outro espectro político.
Ao se reeleger em 2000 começa a mudar a constituição para que se lhe outorguem mais poderes de forma unilateral. Torna as empresas públicas numa espécie de priviatização pessoal do seu domínio partidário, e a Nação passa pela Revolução Bolivariana.
Apesar do intuito no papel ser buscar construir um movimento de massas para implementar a Democracia – o Bolivarianismo popular; a independência económica, a distribuição equitativa das receitas, e um fim à corrupção política na Venezuela – interpretação das ideias de Simón Bolívar de uma perspectiva socialista do que a política Social deve ser; tudo o que ocorre é a ascensão política de um Nacional Socialismo de Esquerda baseado na figura de um líder, ou como politicamente correcto se define: República Federal Presidencialista.
E o golpe de Estado em 2002 apenas veio reforças a força de um líder mártir.
A responsabilidade de um Governo Democraticamente eleito perante os disparos contra os manifestantes contra a contra-manifestação de apoio ao presidente frente ao Palácio de Miraflores nunca ficou estabelecida e Chavéz, apesar de detido, nunca renuncia ao cargo, voltando com uma popularidade inabalável perante um povo crédulo e necessitado.
“No he renunciado al poder legítimo que el pueblo me dio. Por siempre Hugo Chávez”
Apesar disso a sua continuidade no poder seguiu atribulada, e em 2004 é feito um Referendo para saber se devem ou não haver eleições vista a degradação notória que começa a ser notada na vontade popular, sobretudo pela comunidade internacional.
Chavéz vence sem larga margem, mas abre caminho para a sua terceira e última vitória eleitoral.
Assim, em 2007 tenta implementar uma Ditadura, mas propõe-na através de um plebiscito, o qual perde e reconhece o direito de opção popular. De qualquer forma em 2009 altera uma vez mais a constituição para que não haja limite ao número de vezes que um político possa concorrer à Presidência, podendo perpetuar-se a sua liderança eterna.
Tal não ocorre. A 5 de Março de 2013 morre aos 58 anos em recorrência de um cancro na região pélvica e falência pulmonar.
A sua substituição foi feita pelo Vice-Presidente já em funções Presidenciais desde Dezembro de 2012, Nicólas Maduro. Este reelege-se com uma mínima maioria de 50,66% dos votos contra 49,07% de seu opositor, Henrique Capriles Radonski.
Só que a estabilidade económica revolucionária Bolivariana do Santo Hugo Chavés, muito baseada na exploração do mercado petrolífero, foi atingida pela crise internacional e perdeu a sua base de sustentação.
As revoltas estudantis na Venezuela não espelham os concursos de Misses. Não fazem crer essa beleza artificial, de prazer ao olho mas de uma falsa sustentabilidade e ardil fútil de imagem fabricada.
A verdade que nos chega, primeiro pelos vídeos virais que encheram as redes sociais com essa visão de uma vida de Liberdade condicionada, para depois ver as corridas aos supermercados e a perseguição aos perigosos capitalistas, só ganharam ecos neste controlo bancário que sucedeu a passada semana.
O Banco Público já só permite que se levantem 13,63€ por dia, algo como 3.000$ bolivares, aumentando as trocas em mercado paralelo e as cobranças de taxas públicas por cambio de valores mais elevados.
A pobreza artificialmente reduzida por Chavéz até 2010 dispara agora para níveis superiores a antes e a violência na Venezuela encontra-se entre as piores no ranking Mundial.
A verdade do populismo ideológico faz frente à instituição da esquerda política na América Latina, e uma nova geração tenta encontrar a sua voz.
Só por aqui, pela Europa, um reduto de descontentamento dos que descontaram na cega confiança da infalibilidade, conseguem vozes, de uma igual Esquerda, surgir para implementar a Revolução Bolivariana como rumo certo para um futuro melhor.
Amigo pessoal de Maduro e seguidor amantíssimo de Chavéz, Pablo Iglésias, o líder Esquerdista do Espanhol Podemos, tem na pauta ser o próximo Mr Vanezuela.
Pretende fazer de nuestros hermanos uma Pátria Bolivariana, regida por ele, um líder mártir de nome e santificação instantânea.
Pior é ver uma juventude iludida seguir-lhe as pisadas na crença concreta de que a ilusão é real.
Como se a vida fosse um concurso de Misses Mundo e a juventude de todos fosse eterna.
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