Quando se fala na memória política portuguesa, é incontornável falar no 25 do 4.
Naquele que quase já perdeu o ano, mas é lembrado como um valor pertença de um partido e não como uma suposta conquista de todos.

Se não fosse triste ser eu a dizê-lo, deixa-me um amargor de memória não vivida, relembrada pelo facto histórico.

Ao se dar a queda de Marcello Caetano, quando os militares despojaram de um poder de comando e a ordem foi entregue a quem dela fez livre arbítrio, foi o Partido Comunista Português, através do General Vasco Gonçalves e do PREC quem se afirmou e determinou os destinos da Nação.
Os que antes fizeram eram exilados, ou os que podiam eram presos.
Ao povo o que deles seria, e a não ser, de todos era feito.
O Verão Quente de 75.

O cooperativismo da entrega em troca da pertença, como explicado de forma lacónica na cena feita viral do filme (obrigatório) ‘Torre Bela‘ demonstra aquilo em que Portugal se queria tornar: um reduto igualitário Comunista.

Na “surgência” das primeiras eleições, depois do desgoverno que intervencionou o injustificável, o Povo escolheu.
E optou por não seguir sendo Comunista.
Escolheu ser Socialista. A oposição natural com Soares, de um gosto mais Democrático e menos baseado numa continuidade em líderes de eternização.

Numa perspectiva historicista, e conhecendo a existência de uma maior Direita em Portugal de então, em 1975 a escolha foi por uma Direita à Esquerda.
No dito de quem sabe do que fala, sem desculpar os sucessivos erros da Governança Soarista, Soares esqueceu o Socialismo na promessa e governou o país mais à Direita que se pode imaginar.
Óbvio que a entrada de Portugal na União Europeia em 1986 apagou a vinda, quase nem sentida, da Troika em 1983, mas ainda assim, a verdade é que o Partido Socialista sempre se posicionou, numa ideologia dita capitalista, à Direita do que ao miserabilismo trabalhista da Esquerda dos sindicatos.

As bandeiras negras foram hasteadas em troca de subsídios.

O estranho do oportunismo politizado, perante a evolução da negra época da ascensão do populismo brejeiro do “Poço de Boliqueime” ao poder continuado, foi o desvirtuamento de um Socialismo de Direita feito num altruísmo imbecil de Esquerda.

O PS posiciona-se, sucessivamente, num Centro de fuga à la ‘Gauche Caviar‘.

Se a vinda do seu líder de salvação, Sócrates, mostrou ser a prova provada de que nesta Esquerda se quer ser capitalista demagogo, os gastos eram feitos para a ilusão de uma realidade feita mentira, e a verdade da igualidade que a Esquerda professa ser possível num Mundo de impossibilidade, o caminho da bancarrota habitual.

Portugal agora estourou por acreditar ser uma Esquerda com a verdade da Direita.
Era uma mentira, pois querer ser sem sentir, é igual a pedir a Liberdade e fazer dela Libertinagem.

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Ver o Partido Socialista actual, desfeito daquilo que imaginou ser, elencado num recato Socialista Europeu, submetido a uma incongruente errata de querer ser mais Esquerda do que é, faz-me crer que a estupidez invadiu o espírito dos seus Governantes, esquecidos daquilo que foram na tomada do poder aos Comunistas em Portugal.

António Costa acaba por ser um Sócrates revisto e piorado, pois atrás dele nem demagogia há.
Ou a haver, nessa máscara da promessa eleitoral, faz-se do número exacerbado, espampanância de ilusão. Antes os 150 mil empregos prometidos. Agora mais de 207 em compromisso.

As contas refeitas cada vez mais são espelho disso: um vazio de ideias, esquecido na sua manigância da memória, onde aquilo que fez não serve, para nada, para aquilo que pode fazer.

Porque por agora, nada é Seguro.

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