Em 1955 James Dean representa o papel que definiu toda a sua carreira cinematográfica.
Tal também não é difícil, o ‘Rebelde sem Causa‘ acabaria por morrer no mesmo ano num aparatoso acidente de automóvel, justo após ter feito uma publicidade onde incentivava os jovens a terem cuidado com as altas velocidades enquanto conduzem.
Na sua ‘Fúria de Viver’, esse filme que marcaria a charneira entre a crispação de gerações que se vira destroçada por um pós Guerra melancólico para uma juventude presa entre a tradição do antes e uma vontade exponencial de crescer em Liberdade, a sua personagem, Jim Stark, rebela-se contra aquilo que se pode chamar de sistema.
Naquela época os pais educam-nos para seguirem as suas pisadas, e a vida camufla-os a serem um pouco mais do mesmo.
Se a norma era a regra, a rebelião seria quebrá-la e fazer do avesso o contrário daquilo que se pede.
Compreende-se essa vontade inerente de se querer viver num escape daquilo que sempre foi.
Se o nosso passado fora destituído de razão, porquê fazer do seu futuro algo igual?
Mas a ausência de causas de Jim Stark fazem dele um delinquente, e o final da trama criou o anti-herói perfeito para a inspiração que alicerçou todo um padrão de repetição aleatória que faz das novas gerações um sucedâneo de Jims Stark nominalmente chamados ‘Rebeldes com Causa’.
Resta é saber qual, pois o efeito é garantido.
Se o ano de 1955 era marcado por se ter passado justo uma década do final da Segunda Guerra Mundial, surgia nessa geração, marcada por família desfeitas pelo efeito bélico, os sinais de uma bipolaridade de horror que acabariam por criar estes rebeldes recriados pela sétima arte.
Se a mesma lógica se aplicar aos dias de hoje, num plano enviesado, poderemos dizer que, na prática, o ano de 2015 marca uma década desde que a crise financeira mundial se começou a desenhar com a grandiosidade de impacto real.
É verdade que o subprime Norte Americano só estoura em 2008 e os seus efeitos sistémicos só começaram a surtir efeito cascata já corria o ano de 2010, mas a sombra do que estaria por vir já se suspeitava desde 2005.
Sejamos sinceros, desde que as torres caíram que o mundo da finança se viu abalar também.
E o que podemos ver naqueles que nos Administram actualmente – pois a política já mais não é feita de rebeldes sem causa, mas sim de tecnocratas com efeito de aplicação; é justo isso: um melindrar de boas formações académicas e uma tremenda incapacidade da leitura do Mundo Real.
Grita-se “Querem nos dividir!”
A nova rebeldia que surge é, de novo, cortar esse cordão umbilical com esta geração falhada.
Viver ébrio entre o possível e o imaginário, na ponderação de que na impossibilidade, o risco é seguro.
Se na ausência da guerra física temos a monetária, ganha quem ganhar mais, confortável atrás do acrílico de uma tela de protecção.
É que o combate faz-se no digital.
Nos grandes inventores sem curso, educação ou ensino escolar.
Naqueles rebeldes que não quiseram ser mais os alunos de cartilha: Já não há bons alunos.
Reinventaram a fúria de se viver.
Tornaram toda a nova geração na juventude transviada.
Com causa, com efeito.
Querem tudo sem nunca abdicar de nada.
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