Se África é o berço da Humanidade, Angola é o berço da corrupção.
Nem tanta certeza, nem tanta objectividade.

Serei objectivo.
Certo é que “África é o continente mais pobre do mundo – e também o mais rico. Embora concentre apenas 2% do PIB mundial, alberga 15% das reservas de petróleo, 40% do ouro e 80% da platina. No seu subsolo jaz um terço das reservas minerais do planeta. Mas o que poderia constituir a salvação do continente é, pelo contrário, uma maldição.”
Mas só para alguns, a maioria, claro está.

Se na História Moderna da Humanidade tivemos o processo Expansionista com o Colonialismo no século XVI, a verdade é que na História Contemporânea temos a reconquista dos Colonizadores pelos Colonizados.
E nisto, entre uma África onde o Apartheid foi flagelo a Sul, surge a Democracia em Angola.

Se a culpa Católica da escravatura se fazia ainda sentir na descolonização, quando se gritou Liberdade em Portugal e Angola se torna independente a 11 de Novembro de 1975 a guerra interna prosseguiu na clara divisão ideológica entre UNITA, FNLA e MPLA.
Ao gritarem todos Independência, Angola, sendo de todos, era de ninguém, e assim ficou até 1992, ano das primeiras eleições ‘democráticas’, quando o MPLA de José Eduardo dos Santos, marxista-leninista, toma posse do País.

A guerrilha só termina em 2002 com o assassinato de Jonas Savimbi, líder da UNITA, época em que a ideologia importada directamente do Kremlin cai e a ‘democracia’ Angolana se faz “criptocracia“.
Começa o emaranhado das complexas teias de relações entre o crescente poder chinês, a corrupção das elites de Luanda e o delapidar do património natural de Angola.

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A estabilidade do Estado advém do pré-sal – o ouro negro em profundidade; loteado em contratos espúrios e obscuros a empresas multinacionais através da empresa pública Sonangol, dirigida por Manuel Vicente, braço direito, esquerdo e o ‘one man show’ do Presidente.

Junto com ele outros dois nomes surgem na lista das elites de generais a quem tudo se dá e nada se deve:
Leopoldino Fragoso do Nascimento – Dino; e Manuel Hélder Vieira Dias Júnior, mais conhecido como Kopelipa.
Se os seus nomes já antes se viram referenciados por Rafael Marques, agora têm, junto com toda a corrupção Angolana, um capitulo dedicado no livro “A Pilhagem de África” do jornalista do Financial Times, Tom Burgis, correspondente durante as últimas duas décadas em África, sobretudo Angola, e amplo conhecedor da cúpula do poder no Futungo, esse velho Palácio Presidencial de herança colonial onde tudo se passa.

Só que as heranças têm um preço a pagar, e da mesma forma que a escravatura foi abolida, também a epidemia de corrupção um dia o será.

E quem sabe, no seio da Família dos Santos esse dia chegue em breve, pois quando o patriarca que sustenta a ilusão do poder eterno está doente e a sua democrática substituição no poder for levada a eleições, tudo mude e a justiça Angola que padece de visão objectiva, fique cega de vez.

Não estou certo, mas fui objectivo.

Se de paralelos me traço, e uma vez que a ascensão de Hitler a líder na Nação Germânica se fez com o incêndio do Reichstag, imagino o Futungo em chamas, fazendo das culpas culpados dessa opacidade letárgica que faz comprava a inexistente separação entre o privado e o Estado, e a Família Angolana no poder Reinante líderes eternos.

É que é justo com a eternização do Estado que se faz o futuro.

Num volte de face a Endiama, empresa de diamantes do Estado Angolano, responsabiliza o Estado Português e duas empresas públicas devido a uma falência técnica.
E a explicação a não ser despótica é deliciosa.

Citando o Ministro Angolano Francisco Queiroz:
“Processo com o Estado é melhor negociar. Porque o Estado é perene, está aqui para sempre. E os investidores precisam do Estado, não vale a pena criar clivagens, criar conflitos e hostilizar o Estado, onde se tem necessidade de investir”

Assim, sem compromisso de mora, demora que por aqui ficaremos.

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