É legítimo questionar-se.
Ou talvez não.
E se daqui a 100 anos nenhum de nós por aqui estiver para assegurar a legitimidade das escolhas Democráticas?
E se as mesmas, no seio individual dos seus Países, funcionarem unilateralmente sem a concordância da existência do Mundo exterior?
Ou pior: se a Europa, esse bicho de 28 cabeças, achar que a Soberania individual de um Estado Membro vale mais do que a de outro?
É que a questão interna que se coloca, neste preciso momento, é justo essa.
Varoufakis atirou o barro à parede com um mirabolante plano de pagamento da dívida a cem anos, sabendo que o Syriza, a cereja na Democracia dos Extremos em ascensão, ao vencer as eleições Gregas, trazia uma série de consequentes propostas eleitorais incabíveis de serem cumpridas.
E o resultado é este: a negociação vai sendo postergada num ad nauseum que mareia mais do que a ondulação do Mediterrâneo.
Quem sabe lá pelo Natal haja uma fava para todos?
Entretanto, na giga-joga das negociatas sem concordância, Tsipras fez o impensável: ao ir negociar ao Kremlin, abriu o precedente para que o G7 fosse marcado pelo discurso de Obama em avisar Putin das suas vontades em ser o Czar Despótico século XXI.
A força dos 7-1 retalia e diz: a União mantém-se e as sanções avolumam-se, morangos gregos incluídos.
Mas o tabuleiro geográfico gira e as peças Democráticas mudam de entorno, sobretudo na região fronteira entre a Europa e Ásia, lugar onde o EI se concentra para a recruta dos frustrados das ideologias monetárias indigentes.
Ao não vencer as eleições na Turquia, Recep Tayyip Erdogan faz cair o mito da perpetuação do poder vigente.
13 anos de sorte ou azar?
Foram bons, foram Democráticos, mas quando se propõe a se instituir no poder ad perpetuam, algo não está bem. E a Turquia só pode, assim, em liberdade de escolha, melhorar.
A verdade consequente é esta, podemos não estar aqui daqui a 100 anos, nem para pagar as nossas dívidas, mas a Democracia que legitima uns é a que retira o poder aos outros.
E isso, a não ser mau, só pode ser bom.
Legítimo?
Sim, ad causum.