Há uma síndrome que nos aflige, nos atinge, e nos faz cantarolar.
Se uma nanny, britânica, trazida pelo vento, não chegou na vida real, a sua ideia de facilitismo bancário, connosco, ficou.
A história de Mary Poppins não é sobre Mary. Nem sobre Jane e Michael, as crianças que vai tomar conta.
A história de Mary Poppins é sobre George.
George Banks o pai.
George Banks o bancário.
A ideia subjacente ao enredo é que George não está a ser o melhor Pai para os seus filhos, não porque não o queira, mas porque se sente manietado às amarras do seu trabalho enquanto bancário no Dawes, Tomes, Mousely, Grubbs Fidelity Fiduciary Bank.
A mesa das sumidades Bancárias, encabeçada pelo velho Mr. Dawes resumem bem a aparência da Instituição: austeridade, rigidez, inflexibilidade, avareza, e uma amargura que o mel cantarolado antes seria, na melhor da hipóteses, puro fel.
Claro que a história toda se complica quando Michael, o filho mais novo de George Banks, se vê obrigado pelo seu Pai a depositar no Banco os seus tuppence em vez de comprar milho para os pombos. Há que investir e não gastar em frivolidades – Sonhar? Voar? Nada disso…
Investimento, Dividendos, Acções, Risco, Crédito, Falência.
Na hora de os depositar, em que o velho Mr. Dawes saca o dinheiro da mão do menor, o pânico gera-se quando o menor lhe dá um pontapé e diz que o ‘Banco’ o está a roubar.
No Hall de Entrada o susto leva os depositante confiantes ao descalabro, gritam e pedem para levantar todo o seu dinheiro.
É o medo sistémico da falta de confiança.
É o risco.
Mas não faz mal.
Michael é apenas um menor. Uma criança. Nada foi feito com intenção ou maldade.
A música mentiu-nos.
Até os velhos ranzinzas do Banco, austeros e consternados, caem na esparrela.
No final, delico-docemente, todos feitos bons, Mary de partida, George e Família, Banqueiros e ex-bancário, todos lançam ao ar papagaios.
Afinal o sonho é poder voar.
George Banks é a máscara que gostamos de usar.
É a ilusão do emprego remunerado, a garantia de que o risco não o é.
É imaginar que se voa de olhos sempre abertos.
Será?
É que nesta senda Nacionalista de achar que andamos todos de olhos destapados, na verdade, ao olharmos com atenção, a síndrome de George Banks disseminou a apossou-se de todos, pois preferimos a máscara da fantasia, do que a face da verdade.
É que o Banqueiro agora é só Bancário.
E o Pai, infeliz, anda mesmo desempregado.
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