José Pacheco Pereira é aquele senhor que gosta de ser um arrivista. Dele disse ser ‘abstruso’, expandi e aprofundei.
Ele gosta de, na contradição da palavra confirmada, ser o ponto/contraponto do sinal abrupto, que o manifesto comunista diz, na blogosfera que assina.
Lê-lo é quase tão doloroso quanto ouvi-lo, digo eu, que o faço, na consciência de, para se puder falar ‘em’, há que ouvir e ver ‘de’.Residente na Marmeleira, em Rio Maior, faz a sua maior marmelada a biblioteca de 110 mil livros o ex-libris da cultura nacional que pretende ver tornada em Fundação. Deve ser de tanto ler, e não da sua próxima amizade com Eugénio de Andrade, nos idos de ’65, a sagaz cultura que o alicerça na indiferença e desprezo com que trata quem o respeita enquanto ser intelectual.

Cada vez que o faço, sinto que o seu acto declinatório de prosa lírica, acentuada no agudo toque de veludo acrílico que a cultura processada pela contaminação ascendente que o aprendizado político faz – a lembrar que Pacheco Pereira de Maoista fez o processo Socialista para acabar no PSD; torna as suas palavras mais acutilantes na certeza, da incerteza amarga, de um déspota em ebulição.
Quem sabe num erróneo e exagerado paralelismo de mim, eu reveja nele essa necessidade em ‘de’ tudo se pronunciar, e como tal, estender o seu entendimento inebriante, escolástico e académico, numa lição que se faz liça, em assegurar, de quem tudo também lê, que as Redes Sociais, esse demónio da ignorância complacente, são um deserto:

“Pacheco Pereira, esse culto e articulado professor, crítico, escritor e comentador político/televisivo, sente-se incomodado com o ‘deserto’ Nietzsch’iano que cresce no Mundo de Liberdade que são as Redes Sociais.”

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Ler a sua dissertação sobre o tema na crónica semanal do Jornal Público é elucidativo disso mesmo. Pacheco Pereira não percebe que não é o Mundo das Redes Sociais que é um deserto.
Pode até ser, admito, mas é a super-cultura do cronista que nos assoberba e deixa estarrecidos com a densidade intelectual de referências eruditas, deixadas como pinceladas para os incautos ignorantes acenarem a sua cabeça em interrogações de aceitação, que torna qualquer um de nós, meros utilizadores de Facebook, uns ignorantes, beduínos do deserto, em busca de uma miragem inatingível.Quem me conhece sabe que escrevo, e que o meu deserto pode até ser um pequeno oásis, mas tenho a humildade (se assim se puder chamar) de ser culturalmente acessível a todos, começando por mim, pois sei que, quem me ler no futuro (se isso um dia acontecer) vai preferir a versão compreensível, à versão intrinsecamente complexa das referências idas sem paralelos e objectividades que não sejam o impressionar no imediatismo imediato.

Que me desculpe Pacheco Pereira, nem o conheço – nem quero fazer quadrado o circulo que tenta tornar tridimensional semanalmente na SicNoticias; mas para concentrado de cultura, chega-me a internet e os seus motores de busca. Esses, versão actual das enciclopédias, calados numa estante, são bons para consultar, esclarecer e dar luz à ignorância momentânea, mas serem arrumados no momento seguinte.

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