Hoje não tenho livros inspiradores para dar azo a narrativas elaboradas. Não estou sentado a uma mesa frente às câmaras de filmar com um simpático interlocutor que tem perguntas ensaiadas para que eu faça um brilharete.
A vida não é um Reality Show, onde a verdade é uma mentira que nos passam como certo. Ou será?

Alan Turing, matemático e criptógrafo inglês, responsável por decifrar o indecifrável código de guerra da maquina Alemã Enigma, é o Pai das ‘Turing Machines’, ou aquilo que vulgarmente, e de forma corriqueira, chamamos ‘computadores’.
No seu último trabalho, antes de ser preso por atentado à moral, caso que lhe custou a vida num aparatoso suicídio, escreveu que em cinquenta anos os computadores seriam capazes de enganar o Homem. Seria um ‘Jogo da Imitação’, pois na vida, todos nos imitamos.
Apenas há que saber imitar, defendia Turing.
Agora penso eu, sabe um dito comentador televisivo de domingo, sem uma câmara de filmar, um interlocutor ou perguntas ensaiadas, imitar? Ou a vida não é, afinal, um jogo de imitação?

Marcelo Rebelo de Sousa, que por acaso, além de todas as funções políticas e académicas que acarreta e acarretou, foi também Director do Jornal Expresso, viu o seu, à época, subordinado, Nicolau Santos, actual Sub Director do Jornal, desferir um golpe ao dizer que ‘os comentários do Professor são tão vastos que acabam por ter a profundidade de uma revista cor-de-rosa.‘.
A citação pode não ter sido à letra esta, mas a intenção da mesma foi.

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Eu pessoalmente não gosto de Marcelo Rebelo de Sousa. Não posso me esquecer que, depois de em 1997, ano em que foi assinado o Acordo Global entre o estado Português e a empresa da minha Família, a Grão-Pará, o então membro da Comissão Parlamentar do PSD pediu uma Comissão à ‘negociata‘ como lhe chamou, traçam as linhas com que me coso na sua análise.
Ainda assim, e depois de uma extensa Comissão de oito meses em que, com os votos contra do PCP e do PSD (com a famosa abstenção de Manuela Ferreira Leite), a ‘negociata’ tinha, afinal sido transparente, e nada a se lhe apontar.
Posso até dizer mais. O irmão de Marcelo, Pedro, é afilhado do meu bisavô Marcello Caetano, e diz-se (mas é só um ‘mito’) que o nome do Professor se deve ao nome do estadista.

Mas como eu sou uma pessoa, também, transparente, e que reconhece o erro, sei reconhecer que, independente de ‘não’ gostar de Marcelo Rebelo de Sousa, lhe reconheça qualidades.
Mesmo quando ele vem para a televisão, nos seus comentários semanais dizer que ‘é amigo do meu Pai, Abel Pinheiro’, pessoa que eu não me lembro de ver no círculo de amizades familiares, sei ver que o Professor, tem, de facto, uma aguçada inteligência intelectual.

O Professor Marcelo, como lhe chamam os seus interlocutores nas entrevistas semanais, têm razão no título que lhe dão, pois, mesmo falando sobre tudo, e fazendo-o com uma ligeireza absoluta, muitas vezes errónea, onde o equívoco passa a certeza, a inteligência da cultura sobrepõem-se à ignorância de quem o escuta.

De receptáculo e repositório das informações que produz e dilacera nas suas farpas semanais, agora é também entrevistador, façanha que não se lhe conhecia, e que agora, num preparatória à futura eterna candidatura à Presidência (sem banhos no Tejo, espera-se), fala com aquele que ‘melhor’ dá nome a Portugal dando chutes em Bolas Douradas.
Este país é mesmo de ilusões ilusórias.
O dito jogo de imitação, ou dos imitados, e por sermos limitados, ninguém vê, ou prefere ignorar.

E Marcelo é só mais uma peça neste gigante dominó.

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