Assumo que errei. Pensei que Joana Vasconcelos era Madeirense e não é.
Nasceu em Paris, filha de pais emigrados pelo período revolucionário de Abril, mas que prontamente, lançada a paz comunista, regressaram a Portugal.
Ao que parece, o Pai de Joana, Luís, era um dos repórteres censurados, foragidos por uma Europa permissiva. Quem saiba isso trace a veia subversivas de algumas obras da artista.
A sua carreira começa perdida num momento indefinido algures pelo ano de 1994. Não se sabe bem quando ao certo começou, mas sim as obras expostas, umas camas feitas em carteiras de comprimidos, expostas em Badajoz, quase censuradas pelo medicamento ser ilegal na vizinha Espanha.
Sobre a sua connection Madeirense – aquela que pensei existir -, a profundidade da investigação não determina data, mas sim uma frase, proferida pelo seu intitulado, e reconhecido – pela própria –, mecenas, Joe Berardo.
Algures no início da carreira da artística Parisiense, em data que estará no final dos anos noventa, lá por ’98, quando o empresário Madeirense encomenda a Joana uma peça sua, sem a sequer conhecer, ela, revoltada, achega-se, como boa emigrante imigrada, para lhe pedir que ele saldasse a sua divida pelo trabalho feito. Dele ficou famosa a frase que ela até hoje lembra como inicio da sua parceria: ‘Então ‘babe’ de que precisas mais?’
De lá para cá, e como fica patente na reportagem que ambos deram à RTP a 2 de Maio de 2010 por ocasião da grande exposição de retrospectiva de carreira da artista, ela assume que quem a lançou internacionalmente fora Joe Berardo, responsável por fazer vender os seus sapatos de tachos por quantias como meio milhão de euros.
Ele disse que teve pena de não ficar com mais do que um deles, quem sabe para especular um pouco mais no mercado de Arte Internacional.
O ímpeto criativo de Joana Vasconcelos é deveras limitado. Sim, é interessante, e até podemos considerar em parte ‘original’, na medida em que ela se apropria de objectos existentes, os transforma, e faz deles algo novo.
R. Mutt, também conhecido pelo seu nome verdadeiro de Marcel Duchamp o fez, umas valentes décadas antes. Sem perjúrio para Joana, aquilo que ela copia flagrantemente é o trabalho de Andy Warhol, que por sua vez assumia flagrantemente que a cópia é a melhor forma de criação, pois tudo já teria sido criado.
Não sou contra a artista Vasconcelos. Nem desgosto de algumas das suas obras, apesar de achar que, quem viu uma, viu todas, sobretudo quando se ‘chove no molhado’.
Perdi quatro horas numa fila para ver o reprime da exposição que representou Portugal em Versailles, e fiquei deveras desgostoso.
O melhor para mim, de toda a exposição, foi o restauro que o Palácio da Ajuda recebeu para receber as peças da artista. As peças em si? São delírios masturbatórios de alguém que tem dinheiro para desenhar umas linhas num caderno A5, encomendar ao seu irmão Arquitecto e encarregar a uma serie de funcionários mal pagos, que executem as costuras de bordados Madeirenses em loiças das Caldas, tudo em nome da Nação Lusa.
Só mais um detalhe sobre a ligação Madeirense de Joana, Joe e a ilha da Madeira: quando em 2010 se dá a tragédia do diluvio Madeirense, quiçá provocado por um excesso construtivo de túneis e afins, é uma obra da artista que é leiloada pelo empresário ‘Fuck You’ que permitem a ajuda inicial ao povo afectado.
Coincidências? Nunca nada é coincidência.
E ter nascido em Paris nada tem que ver com ser Madeirense.
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