A ‘nossa’ Eurodeputada, Eurocéptica, Eurotudo, Socialista, Extremada, Extremista, novamente se pronunciou para, no seu habitual tom discordante e incordato, discordar, daquilo que aos olhos da maioria parece ser o mais acertado como resposta retaliatória simbólica da expressão da Liberdade satírica que uma Sociedade Livre pode almejar conseguir ter.
Enquanto o remanescente da redacção do jornal ‘Charlie Hebdo’ juntou-se e produziu uma das mais fascinantes respostas visuais a todo o ataque que sofreu, e com inteligência e sagacidade, soube estar à altura, na sua habitual critica, e dizer que, afinal, tudo está perdoado: Tudo, de lágrima ao canto do olho, ao Profeta se perdoa, Profeta esse que, até, se identifica como sendo ‘Charlie’, pois ser ‘Charlie’ não é ser sátira, engraçado ou ter graça, é ser símbolo de Liberdade e de, Livremente, se poder expressar; Ana Gomes diz, batida na sua vontade em ser igual a ela própria, caída no seu erro em ser o que é, pergunta: “Porquê insistir na representação do Profeta, que se sabe ofender os muçulmanos?”.
Aquilo que porventura a sua memória esquece, tendo sido ela Embaixadora Portuguesa na Indonésia, país maioritariamente muçulmano, e onde a liberdade de expressão religiosa é defendida pela Constituição, é que uma imagem do Profeta, apresentada como esta foi, ou como outras tantas o foram, não são, per se, ofensivas. Podem até ser jocosas, engraçadas, sátiras despropositadas, maledicentes. Mas a ofensa está, somente nos olhos de quem vê. E se se for ler a mensagem do Profeta, de Allah, a sua mensagem não é de ódio, extremismo e morte aos infiéis. Isso é a perversão da palavra escrita – de resto como os Católicos também sabem fazer com a Bíblia. A palavra divina do Corão, no Islão, como na Bíblia, é de Amor.
Por isso, para a Eurodeputada Ana Gomes, um aprendizado sobre o que é ofensa: ela só nos afecta se nos deixarmos ofender, e tal como tem demonstrado, Ana Gomes não se deixa ofender pelo que as pessoas contra-argumentam contra ou sobre ela, pois escolhe a saída sábia, a de ignorar.
Essa é a virtude de se poder viver em paz com todos, mas também de não aprender a mudar.
E no caso dela, de estatizar no seu próprio extremismo, tão perigoso quanto aquele da interpretação errada da palavra do Senhor.
Num desabafo pessoal, daqueles em surdina, aqui que ninguém me lê: ‘Vai te lixar Ana Gomes!’
Noutro registo, quem sabe, retaliatório, perante a hipocrisia latente e derivativa desta atenção social centralista que se faz sentir nas profundas e lamentáveis palavras da ‘nossa’ Ana Hebdo (quem sabe este Ana provenha de uma qualquer Hanna Bíblica?) transgredi a ignorância do mundo ocidental e mergulhei no olhar de se ‘Ser Charlie‘.
Ser Eurocêntrico, Etnocêntrico, Neoliberal, Colonialista, e ignorar o flagelo daqueles que preferimos não ver.
Porquê? Porquê sempre os mesmos. Porquê sempre igual?
Porque: “Nous ne sommes Boko Haram”
A hipocrisia existe. Ela é real, e no caso da Nigéria, um país recentemente tornado Democrático e com eleições, finalmente, livres, parece que a hipocrisia do Mundo Ocidental se faz mais presente quando os problemas são de teor Humano.
Quando em simultâneo ao ataque em Paris, o movimento extremista Boko Haram, em defesa da Sharia Islâmica, mata cruelmente, em prol da aya 33:50 do Alcorão, pois a mesma diz que o abuso sexual das escravas é permitido aos olhos do Profeta (desvirtuando teologicamente as palavras Sagradas, claro), 2000 mulheres e crianças indefesas, o Mundo parece não lhe dar qualquer tipo de importância.
Olhámos para ‘nós’, para Paris, e para a ‘nossa’ vida. O que nos importa com os Africanos na Nigéria, lá tão longe, num país do qual nada sabemos. É África.
Pois bem, a razão da hipocrisia é tão simples e capitalista como o eterno interesse e satisfação petrolífera que gere e governa as vontades das grandes empresas.
A Nigéria é o 12° maior produtor de petróleo no Mundo, rumo a ser o 8° vendedor da matéria prima, num país com 174 milhões de habitantes, cujo número de habitantes e PIB per capita foi o mais elevado de todo o Continente, ultrapassando a África do Sul, a referencia ‘Ocidental’ para os Europeus.
Ler sobre os recursos da Nigéria, assim como sobre a sua História como antiga colónia Britânica, é perceber as origens de tantas revoltas traçadas num Mapa Cor de Rosa, divididas tribos ao meio, religiões forçadas à conversão, e interpretações teológicas absurdas das vontades extremistas daqueles que não querem mais que saciar as vontades reprimidas.
O Boko Haram, que já é lei instituída em metade do país, é uma, muito, equivocada apropriação dos escritos Sagrados do Corão.
Olhando para as atrocidades que o Islão está, agora, a cometer, é, quem sabe, ver a lição que a Igreja Católica aprendeu pelos séculos a forçar a sua Fé imposta numa conversão de Inquisição e afins.
Reconhecer o erro só acontece depois de errar, e o Boko Haram terá de matar para saber que erra. E nós, hipócritas toldados pelo valor do petróleo que as terras dessa gente contem, fechamos os olhos ao número de vitimas que são dizimadas num país de números esperançosos.
Ainda assim tenho esperança em nós, e mesmo ignorando, eu digo: “Je ne suis Boko Haram”.
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