Esta semana assistimos a dois casos que de diferente tiveram dois momentos exactamente iguais, e que de tão parecidos, tantas ilações morais e mentais, se podem tirar.
Quando o ex-Primeiro Ministro é detido sexta dia 21 de Novembro de 2014, na madrugada do sábado seguinte, António Costa, o seu ex-número dois do PS, agora também futuro candidato a Primeiro Ministro, escreveu uma mensagem aos militantes a pedir que separassem a amizade pelo líder detido com a óbvia posição política que ele representa.
Durante toda a semana temos assistido a um incrível respeito de todos, quer do PS quer dos restantes partidos em não usar o tema como ataque político. Respeito democrático de primeiro mundo.
Na quinta feira dia 27 de Novembro de 2014, quando as instalações do Novo Banco são alvo de busca na Operação Universo Espírito Santo, relativo a denuncias de gestão danosa entre outros crimes económicos cometidos pela anterior gestão do BES, o actual presidente do Novo Banco, Eduardo Stock da Cunha, prontamente veio a público dizer que ‘o Novo Banco é o Novo Banco, e que o BES é o BES’ apenas coincidem ter exactamente a mesma morada.
Aquilo que me surpreende nestas duas reacções, e que acho licitas e naturais, é que não se pode deixar de querer retirar óbvias relações quer políticas quer económicas entre ambas.
Ou seja, da mesma forma que o PS não pode, como António Costa disse e bem, apagar de forma Estalinista ninguém da foto, também não pode evitar que existam reais repercussões políticas. Sócrates foi Primeiro Ministro em maioria absoluta por quatro anos, e mais dois num declínio ainda em maioria, mas teve nas suas mãos o verdadeiro poder político, e os crimes dos quais está indiciado indicam corrupção enquanto ocupante de cargo político.
Há razões políticas a serem apontadas e o actual PS tem que retirar consequências disso.
Já sobre o Novo Banco, e apesar do seu novo Presidente tão exaustivamente ter dito que o mesmo só surgiu em Agosto deste ano, a verdade é que para todos os efeitos, o Novo Banco é a continuação efectiva do velho BES com um novo nome.
Tem os mesmos funcionários, as mesmas instalações, os mesmos balcões, tudo igual, excepto a sua dita Administração corrupta. Tudo o que não era tóxico transitou. E mesmo o acto da escolha da toxicidade foi aparentemente tão subjectivo que nunca se percebeu a sua lógica.
Assim, quando se entra nas instalações do Banco para fazer buscas ao BES e ele agora é Novo Banco, é quase uma redundância o seu Presidente vir falar que não é nada com ele. Óbvio que é, pois o Novo Banco é, efectivamente, o BES com um novo nome.
Que ilações morais e mentais se retira disto tudo?
Bem, que por vezes, perante o óbvio, e mesmo sendo inverno e chover, mais vale não tapar o sol com a peneira…
1 Comment