A Venezuela – o país que a auto-proclamada Constituição de 1999 designou República Bolivariana da Venezuela – detentora das maiores reservas de petróleo e gás natural do mundo, classificada consistentemente entre as dez maiores produtoras mundiais de petróleo, vê-se a braços com a mais complexa crise Humana Social e Económica que uma Democracia pertencente à ONU vive.

Nem a memória do defunto Comandante ‘Padre de la Nación’ Chavez lhes salva do sucedido, como permanecer numa disputa político-ideológica na senda populista contra o que designam do imperialismo yankee, camufla o óbvio:
O Chavismo tenta ir em contra os princípios básicos da física, nomeadamente a 3ª Lei de Newton,

“Actioni contrariam semper et aequalem esse reactionem: sine corporum duorum actiones in se mutuo semper esse aequales et in partes contrarias dirigi.”

Na prática é um sentido de equilíbrio racional, a noção gravitacional de que os corpos para se movimentarem tem que se afastar numa proporção equivalente, proporcional e prática de forças opostas. Ou seja, como se sendo a Venezuela o país onde a gasolina custa 0,53€ o litro, a maioria da população nem dinheiro para comprar um carro em segunda mão tem e isso tudo corriqueiro e banal.

Mas se o absurdo parece perdulário face ao incrível, que se dizer da pantomima exasperante que o actual Governo autocrático de Nicolás Maduro – fiel seguidor del Comanadante – fez ao declarar que durante Abril e Maio deste ano, todas as sextas feiras são feriado Nacional graças à grave crise energética que o país atravessa desde 2009?

Mais, não apenas isso, mas veio à VTV, o canal oficial do Governo, decretar Serviços mínimos, obrigando todos os funcionários públicos a trabalhar apenas segundas e terças, reduzindo a escola a 3 dias por semana.

O uso do secador de cabelo também foi desaconselhado vencendo a beleza natural, e os hotéis e centros comerciais teriam de providenciar a sua própria energia, sendo desde logo imposto um racionamento energético.

Só que a crise energética vai além dos cortes provocados pela seca del Niño na barragem de El Guri. Vai no racionamento alimentar dos supermercados que se veem controlados pelo poder Estatal, nas corridas desenfreadas por comprar bens de primeira instância, nos frigoríficos vazios de famílias que passam fome.

De uma mentira ideológica que, tal como a lei da física, não pode mais ser negada ou relegada a uma heresia qualquer que a torne em crença absoluta.

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Se o povo está descontente e a maioria, democraticamente eleita, que na Asamblea Nacional de Venezuela o representa também, que dizer de um déspota arrogante que tenta maquinar o sistema político para revogar o firmazo que se junta para o destituir?

Onde está essa Esquerda que fala em nome desse Povo? dessa vontade da Liberdade Popular, da Revolução Libertadora das Classes oprimidas que merecem ser tratadas por igual?
Essa Esquerda na Venezuela, no Brasil, aqui em Portugal, um pouco por todo o mundo, que se diz dona dos valores Democráticos mas que não se olha ao espelho para reconhecer a sua hipocrisia e falácia argumentativa. Julgam-se mais iguais que os iguais, diferentes dos outros.

Contrariam sem nexo a racionalidade e equilíbrio oposto, equivalente proporcional e prático que os afastará do poder.

Negam que a Ciência não é Religião e os seus líderes não são Messias.
Nenhum ‘ismo’ político salvará o Mundo, nem Chavéz é o Pai Nosso do seu relicário.
Venezuela sobreviverá. Por ora assistimos ao seu lento suicídio.

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