Ando contido em farpas.
Assumo que o tempo está curto, vida em mudança, novo capítulo, casa nova, continuar de um passado que se faz futuro. Mas há algo que me tem incomodado nesta pasmaceira da realidade corriqueira portuguesa: a falta de carácter que assiste a quem nos diz governar como se nos governasse pelo simples facto de se dizer eleito para esse efeito.
Se há algo que aprendi ao longo da minha, sempre, curta vida, é que se o poder corrompe, o poder absoluto corrompe absolutamente. E aquilo que temos visto recentemente, no que toca ao carácter, é que o poder absoluto dos que se sentem intocáveis, está corrompido de tal forma absoluta que só a soberba sobra como resquício de espírito humano.
Falo de Eduardo Cabrita, de Pedro Nuno Santos. Falo até mesmo de António Costa.
Todos eles responsáveis desta postura sobranceira sobre um povo que consideram incauto ou ignorante face àquilo que assistem e vivem diariamente.
Um cidadão estrangeiro é barbaramente assassinado às mãos do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras e apenas nove meses depois as ilações do crime se tornam moratória sem moral; a companhia aérea nacional privatizada é, por ideologia, recionalizada e recomprada a custo tirano pelo o Erário de todos nós, sob o manto permissivo da ignorância alheia; a gestão neurótica da pandemia determina a fim inconclusivo a vida macro/médio económica das empresas que (ainda) sustentam a realidade financeira de um país que sem a esmola europeia seria reduto da museología comunista de uma esquerda retrógrada dependente da saudade do antanho totalitário da Berlim Leste.

Mas audácia! Há sinais de fumo nessa pira que nos queima como Auto de Fé.
Onde anda o carácter adjacente de cada um e cada qual?
Se nem Cabrita, Nuno Santos ou Costa – enquanto políticos – o têm, que dizer de um povo que, calado, consente com tudo o que assiste em tempos de conturbada amargura?
Dizem que os eleitos são a real representação de quem os elege, e assim sendo, sabe-se de que fibra se monta – e resiste – o carácter lusitano: a sua falta ou total ausência quando os tempos mais o exigem.