Que se assassine o passado molesto, a história nefasta, as estátuas que os representam.
Piche-se a sua existência, quebre-se a sua imortalidade.
Que será o futuro do presente sem a edificação do passado? A ignorância reinante: Protestos justificados tornados em bravata de repulsa histriónica onde a destruição é o modus operandi.
Falta, na acrílica sociedade dos likes e ‘des’likes’, contexto histórico.
Devem haver homenagens públicas a confederados Norte Americanos?
Dado o resultado da Guerra Civil, óbvio que não. Seria o mesmo que na Europa termos estátuas de Hitler, ou heróis do III Reich, por todo o lado.
Veja-se, até na Rússia os Heróis do Comunismo foram retirados (não destruídos) para quem sabe um dia voltar.
(no entretanto estão em exposição funerária de um passado a ser lembrado e não ser esquecido)
A Sociedade gosta de vingança, vendeta. Dos Autos de Fé contra aquilo que, diferente dela ou fora do seu espectro de entendimento, rechaça e destrói.
A História Humana não é a da Paz, é a da Guerra. Depois surgem os memoriais e homenagens que, como se vê, gerações mais tarde são objectivo de nova celeuma.
É cíclico. É cultural. É carnal. É natural.
É ilógico.
Mas faz parte.
É aquilo que chamam a geração “snowflake”, a quem tudo incomoda e irrita.
Do politicamente correcto sanatizado ad nauseum onde persiste o mito da fantasia e não o odor e toque da realidade.
Não vamos a museus por informação, antes pelo entretenimento. Pelo espaço arquitectónico e não pelo que la se exibe.
E se sim, pela excepção instagramável que apraz.

Porquê pensar na nossa cultura como o património histórico-social-cultural de um determinado momento vivido? Porquê fazê-lo com o passado?
Disso advém uma falácia retórica engraçada. Quando os Budas de Damiã são destruídos em 2001 pelos Talibã, ou quando o Daesh arrasa Palmira em Maio de 2015 – ou o pouco que sobrava de culturas milenares -, o choque e horror foram presentes e vigentes.
Mas agora o “bom bárbaro”, nesta senda revisionista em prol da sua certeza e correcção histórica, somos nós.
Afinal onde reza a boa e má liça histórica?