Farpa por Cristina Toscano Rico.

Estava eu na minha condição de menina branca, católica e privilegiada para a qual me baniram, a fazer o exercício de reflexão que o movimento original A Black Life Matters pede para fazer sobre o racismo e violência policial, quando para a discussão ainda me atiram á cara a escravatura (a do passado, porque a que existe no presente ninguém se interessa – https://www.globalslaveryindex.org ) vandalizando a estátua do Padre António Vieira, que foi provavelmente o primeiro português defensor dos Direitos Humanos.

Com isto fui ver todos os meus amigos #blacklivesmatter (muitos dos quais me baniram para minha condição presente, mas pelos quais ainda tenho respeito e os uso para as minhas reflexões sobre as realidades que desconheço pois não as vivo, mas de que de forma nenhuma deveria ser indiferente); existe um silêncio absoluto.
É porque isto é um problema deles? As vossas palavras não levaram a isto? Só o André Ventura é que instiga o extremismo?

Sei que quando se vive oprimido e se entra em desespero a violência nas palavras e nos atos parece ser a única solução, mas não é!

A conclusão a que estava a chegar na minha reflexão é que problemas sociais não podem nunca ser politizados pois acabam num “nós vs eles”, em vez de “nós temos um problema e temos que o resolver”. Evocar o passado só nos dá argumentos emocionais que quase sempre não são racionais. O cliché, que em Sociedade temos de respeitar em primeiro lugar e se for completamente impossível no mínimo temos que nos tolerar (por ex. meninas de 14 anos a parar de estudar para a casar custa-me a respeitar mas se for essencial para a cultura até posso tolerar) … não sei onde estava a chegar pois a reflexão estava em curso, até tinha uma lista de onde ando a falhar e estava a tentar perceber porque ando a falhar, mas fiquei com a sensação que não vale a pena porque pelo que dizem a raiz do mal está em mim, no passado, na minha história (meus caros podem não ter reparado mas o discurso está a chegar a este tom).

A única coisa que sei é que se continuarem nesta lógica de nós vs eles isto vai dar porcaria da grossa… a História prova isso. Mas lá está, eu sou uma menina branca, católica, logo privilegiada e não oprimida, por isso não sei nem tenho o direito de opinar. Vou ali bordar e ler porque o Mundo e Portugal está parvo, maça-me e ainda não quer mudar.
Phoda-se!

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