Afinal a democracia em Portugal tem dono. E o seu proprietário não é o Povo Português (ou, com menos pruridos do politicamente correcto, a sua Nação), mas sim, como demonstram os acontecimentos dos últimos dias, os partidos de esquerda.

Num tempo inédito para as actuais gerações que viram ser imposto um confinamento domiciliário, e ao contrário do que se encontra previsto na Constituição da República Portuguesa, os cidadãos portugueses não têm a mesma dignidade social, nem são iguais perante lei.

Nos cerca de 50 dias que já passaram desde que foi decretado o estado de emergência, famílias têm estado separadas. Foi-nos pedido que respeitássemos tal imposição mesmo em datas especiais por diferentes motivos, valores ou crenças, incluindo o nascimento de um novo bebé e a morte de um familiar. E nós cumprimos.
Foi imposto o fecho de portas a tantos negociantes que vivem do seu trabalho. E foi cumprido. E, em breve, sentiremos todos o custo económico e social dessas medidas.
Foi restringida a liberdade de consciência, de religião e de culto, incluindo o direito de reunião para celebração conjunta. E foi cumprido.
Vida, família, trabalho e religião foram todos colocados em pausa alegadamente para protecção da saúde de todos.

Até que chega o dia 1 de Maio e vemos que afinal essas restrições só são impostas a alguns. Vemos centrais sindicais a organizar comícios e paradas. Vemos centrais sindicais com poder para passar salvo-condutos. A promover viagens de grupo em autocarros. Tudo com autorização e apoio do Governo e seus partidos de apoio.
Porquê? Serão os valores celebrados no dia 1 de Maio exclusivos dos trabalhadores sindicalizados? Serão os cidadãos participantes mais relevantes do que todos os outros? Será a dignidade do trabalhador homenageada nesta data mais importante do que os valores da vida, da família, da religião, ou da saúde?

Eu digo que não. Mas os acontecimentos recentes acabam por demonstrar que a limpeza das expressões da ideologia e conjuntura de esquerda da Constituição da República Portuguesa nas suas revisões de 1982 e 1989 foi mera operação de cosmética e que a democracia estabelecida, afinal, é de e para apenas alguns.

1 Comment

  1. Dois pesos e duas medidas…?
    E o que dizer sobre o acesso aos órgãos de comunicação social, nomeadamente na televisão?
    Não se costuma dizer que aquilo que não aparece na televisão não existe ou existiu? Ok, a televisão já não tem o monopólio da notícias, com o crescimento da Internet. Mas isso é válido sobretudo para os mais novos. E mesmo esses quando procuram notícias em que lhes interessem pessoalmente que sejam credíveis procuram ou pelo menos certificam a sua veracidade na televisão.
    Vejamos então o atual panorama de igualdade de oportunidades. Quer nos canais generalistas, quer sobretudo nos de informação (SICN, RTPN, TVI24, CMTV), onde antes apareciam programas que nem cogumelos, a espalhar ódio sobre futebol, agora com a covide 19, foram substituídos pelo tema da moda. Quando o assunto é economia ou finanças, relacionados com a pandemia, QUANTOS representantes de sindicatos ou da CGTP aparecem? Mas frequente vemos representantes de associações patronais e até mesmo de confederações. QUANTOS economistas aparecem conotados com a esquerda nesses programas? E em termos partidários? QUANTOS aparecem ligados ao PCP ou ao BE? Comparem agora com os que aparecem DIARIAMENTE ligados ao CDS, já para não falar do PS e PSD? Mas quem é o CDS no atual panorama político? O 5º partido? E que peso é que tem na sociedade, quando comparado por exemplo com o PCP? Mas é vê-los na “Quadratura do Círculo (ou o inverso)”, “Governo Sombra”, “O último apaga a luz”, etc, etc, etc…
    E o que dizer da presença diária do Sr. Paulo Portas na TVI no horário nobríssimo? Ainda ontem mandou uma alfinetada à manifestação do 1º de maio? Onde está a sua moral? Será que não enxerga que o seu partido está a ser altamente beneficiado, sem qualquer comparação com o benefício atribuído à CGTP? Será que não está ciente que a sua presença diária não é inocente, que visa apenas inclinar a opinião pública para a Direita, denegrir a China, desviar a conversa quando o assunto é Trump e dar palpites científicos sobre assuntos que percebe tanto como de lagares de azeite? E claro, auto promover-se. Será que também já está em campanha eleitoral para a PR? O atual também foi assim que conseguiu. Não foi com mergulhos no Tejo… Que moral tem o Sr. Portas que ficou indiciado no escândalo das luvas da compra dos submarinos e entre outros “disparates”, encomendou umas fragatas aos americanos (Classe Perry), ultrapassadíssimas tecnologicamente, que só serviam à data para missões da treta dos americanos. Não obstante o negócio ter sido e bem cancelado por quem veio a seguir, não impediu que o Estado tivesse sido lesado em muitos milhões. Muita gente não sabe mas além do pagamento de indemnizações pela quebra do negócio, estiveram lá guarnições inteiras dos navios e formadores a tirarem cursos de 6 meses, tudo bem pago, claro, e por nós. E os últimos quando partiram até já sabiam que o negócio estava cancelado. Ou seja foram de férias pagas pelos contribuintes para mais uma missão “faz de conta”. E o que dizer do Chega que deve ter um cacifo na CMTV. Também tem muita moral para falar em igualdade de oportunidades…
    E por último os senhores diretores de programas e chefes de redação também têm muita moral para criticar a CGTP a respeito dos tais “dois pesos e duas medidas”. Não atropelassem eles tudo quanto é igualdade de oportunidades no acesso à opinião pública, direito ao contraditório e à divulgação de informação politizada. Só que o fazem diariamente e não apenas no dia 1 de maio.
    E aos que ainda duvidam do que foi escrito, não acham estranho o excesso de protagonismo que tem o Sr. Fernando Medina na televisão. Ele aparece a comentar tudo… E os outros presidentes de câmara, nomeadamente do Porto, também não deveriam ter o mesmo acesso, nem que fosse proporcional, bem pesado com uma balança eletrónica, pelo rigor, conceito agora na moda no seu partido. Será que também não estará a ser lançado para qualquer coisa? Provavelmente para sucessor do atual PM, que já tem os olhos em Belém, para frustração de Portas, Marques Mendes e outros que, coitados, andam a fazer pela vida.

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