O eco-activismo está na moda.
Não só “Somos todos Greta Thunberg!” como o veganismo é tão mainstream que parece que a produção agrícola não polui o meio ambiente.

Sou sincero, depois de descobrir que a infância de uma adolescente, europeia, caucasiana, de classe média, foi roubada pelas palavras políticas vãs no que toca ao cumprimento do Acordo de Paris para a redução das emissões de carbono, cabe-me perguntar: e todas as crianças que nada têm e fome passam, que inocência lhes roubam?
Pode que a greve escolar de Greta lhe tenha suprido algum ensino, pois educação já se viu, a ideologia da imposição veio para ficar.

Mas vamos a Portugal onde a polêmica acerca da abolição da carne bovina nas cantinas da Universidade de Coimbra está ao rubro.
Por cá não só se articula um diálogo necessário, como se desmontam ardis populistas sobre o pensamento pseudo intelectual que a geração ambientalista pós PAN criou no Portugal pop chic.
Este activismo de cartilha ideológica fundamentado na obstaculização do acesso ao invés da educação como princípio é assustador e, pior, crente de uma superioridade intelectual atroz.

“A Universidade de Coimbra vai eliminar o consumo de carne de vaca nas cantinas universitárias a partir de janeiro de 2020”
Amílcar Falcão, Reitor UC

Imponha-se a proibição. Não, a abolição. Uma diferença etimológica e jurídica, sinónimos por proxémia. E se não por definição, por lei mesmo, já que ao se abolir o consumo se sanciona em parte o mercado de produção, uma proibição monetária.
E esta proibição traz memórias do século XX.

Lembre-se o legado Norte Americano da Proibição, a Lei Seca, que de 16 de janeiro de 1920 a 5 de Dezembro de 1933, mostraram os efeitos de cessar por lei a oferta a um bem de consumo público.
Apesar de no início a ideia ter até sido bem recebida, a longo prazo criou nichos de crime e vício que apenas pioraram e deturparam o princípio para o qual a ideia da proibição se impôs.
Agora esta ideia de suprimir por imposição a oferta de um bem de consumo como a carne de vaca, usando uma ideologia ambiental deturpada como defesa – devemos abolir também os seus derivados, ou é só o consumo de carne bovina que provoca a produção de CO2? -, apenas fará que este mercado busque nichos alternativos de mercado, quiçá piores, para a venda do seu produto.

Por isso digo, sim, é ridículo, produto desta ideologia ambiental deturpada.

Mas não sou injusto.
Verdade seja dita, o Reitor Amílcar Falcão não se centrou, apenas, na abolição do consumo de carne bovina.
Entre as suas iniciativas destaco: abolição total do plástico, mais ecopontos, educação e responsabilização ambiental, todos os edifícios classe A em eficiência energética, mudança para led de toda a iluminação, revisão na circulação automóvel, …

Uma cartilha ecologista que corresponde – e bem – a tudo o que somos educados desde tenra idade e, por omissão negligente, o ensino acaba por não encontrar melhor eco que impor um peso legalista de imposição/proibição para uma causa que não passa de mera medida económica.
A universidade tinha de cortar custos, e a carne bovina foi um bom mote para o fazer, já que 20 toneladas por ano ainda representam um percentual avultado nas contas.

Juntou-se o útil ao agradável e fez-se populismo em época política: eco-activismo estudantil no seu pior.

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