Ia escrever um texto intitulo esquizofrenia, mas num repente de senso e sensibilidade politicamente correcto me lembro que designar algo de esquizofrênico é equipará-lo a uma grave doença do foro psicológico cujo impacto afecta o indivíduo sem a sua escolha.
Já chamar uma crónica de ‘samba do crioulo doido’, embora as passíveis conotações (multi)étnicas do mesmo, não infringe nenhuma enfermidade com a palavra doido já que em sinónimo de loucura vivemos todos.
E aqui chegámos, vivemos numa dança multiétnica de loucura.

Tenho por hábito começar o dia a ler os processados de notícias que me chegam por e-mail. Dos Nacionais aos Internacionais dou uma vista de olhos ao que no planeta terra se passa. Planeta terra vírgula, ao que o mundo da democracia ocidental diz ver e sentir ser a sua verdade auto crítica sob esse farol que tudo guia.
Neste instante do #metoo passamos ao #corruptyou.

Parece não haver vivalma que não seja corrupta de alguma forma que atinja essa incorruptível verdade, “a culpa é de quem antes de mim veio, apenas herdei esta responsabilidade”.

Aqui em Portugal esse pecadilho torna-se num esquecimento digno de ópera bufa.
Na Banca esquece-se, no Governo culpa-se, na Sociedade abstém-se.
Eu cresci no boom de tudo isto.

Nascido em 1983, sou filho desse capitalismo democrático que se preparava para entrar na CEE, despreparado para o que viria, sedento do crédito fácil que a União lhe iria dar, gerações iletradas do Salazarista Portugal Imperial onde uma andorinha Marcello não fez a primavera.
E se a bancarrota Socialista do ano que nasci não seria empecilho para a entrada limpa, a ganância, incúria e soberba da mais arrogante geração política que o pós entrada CEE iria criar, são o solo fértil para tudo o que os anos 2000 nos iriam trazer.

O meu primeiro contacto com o quanto a máquina estatal se havia tornado corrupta seria em 2009, regressado de Espanha logo após o crash internacional, a trabalhar como Arquitecto, tentando singrar profissionalmente em Lisboa, onde os obstáculos camarários surgiam em troca de facilitismos, fossem monetários ou o clássico amiguismo da cunha, na troca de aprovações dadas em “almoços” de conveniência.
O facto de ter um nome com conotação política então, era o perfeito ardil para atrair as traças que queriam dançar esse samba em busca de nos corromper.
Pessoalmente acabei denunciado à Ordem dos Arquitectos por não aceitar ditas práticas ‘alimentares’ Camarárias. A Ordem defendeu-me a honra, Portugal estava podre.
Continua a estar. Pior.

Os índices são meros indicadores, mas existem por alguma razão. Ainda agora foi anunciado, Portugal foi o mais sancionado na Europa por falhar a implementação de recomendação anti-corrupção. No ranking Mundial é o 30° mais corrupto.
Celebremos!
Quem diria? Há sempre a postura do português de farmácia: podia ser pior!
E depois há a minha: mas afinal que podre é este no Reino Português?
Ou no Reino do Homem?

Eanes tem razão, a corrupção é uma epidemia que grassa pela Sociedade (portuguesa).

Desde que Cavaco assumiu como Primeiro Ministro que a técnica de angariação de voto é sistêmica e se assemelha a um reduto tão familiar: abram-se os portões e cordões à Função Pública.
Que se leve o país à barca da glória na institucionalização de PPP’s ruinosas ou Jobs for the Boys, mas o fundamental é manter a Sindicância Mendicante feliz e contente.
Parece que é de hoje a aliança exposta na Geringonça, mas os seus laços grassam imemoriais desde o corporativismo Salazarista até à Reforma Agrária do rescaldo revolucionário. Tomar posse para apossado se designar. A ferramenta é mesmo de todos.
Só que não.

Guterres foi o último antes de Passos Coelho que, longe de contas certas, não se deixava corromper ou se ver corrompido.
Com Sócrates foi “a festa!”.
Hoje sobra o seu reduto e o seu legado.
Pior, resta me ler processados de notícias que se contradizem, onde uma semana se trata do Governo das contas certas, pra na seguinte ser aquele que, amealhado como nunca antes, investe nas infra-estruturas que deixou reduzir a escombros.

A culpa? Essa é esquizofrênica, uma doença que nem samba dança, já que o povo é esquecido e a maioria dará a quem aqui nos trouxe.
Foda-se o politicamente correcto.

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