A angústia do imediatismo é algo tão absoluto que nos consome e cega, de tal forma que tudo é deturpado, e no esquecimento os factos se tornam nessa alternativa escapatória para o que no passado ocorreu e agora se contesta com a brandura do sentimento caduco necrófago em busca de nova presa.
As sementes do me too assim se colocam como faca de gume único, afiada a desferir um golpe de argumento manipulado.
Eu estranho sempre o oportunismo momentâneo, comoção ‘societal’ que inebria e nos parece deixar numa ressaca de esquecimento.
Mas se o assédio sexual entre adultos contem essa clausula onde o livre arbítrio pode ser julgamento imputável, quando tratamos de menores, crianças indefesas, do assédio ao acto sexual, a pedofilia é crime sem desculpa.
Mas, e regresso a um mas, é “deixar” Neverland um julgamento imputável ou sob os olhos da lei facto inimputável?

Vi as 4 horas do documentário Leaving Neverland sem a expectativa da culpa lançada ou da absolvição garantida.
Assisti como se de um Telefilme se tratasse, factos comprovados sobre uma partitura musicada indiciando um crime deveras cometido.
Do auge da aceitação à entrega carnal, passando pelo engodo familiar até ao reconhecimento do indesculpável erro cometido por meros peões numa jogada de interesse unilateral.
De crianças sensação a adultos corrompidos pela maior estrela de entretenimento que existiu.
Michael Jackson, o pedófilo.

Michael Jackson

Mas há factos. Eles existem.
E vou com cuidado, pois o que em seguida escrevo, transcrevo, não é por mim escrito. É a sumula daquilo que nas últimas décadas decorreu e se tornou inquestionável.

“O FBI investigou secretamente Michael Jackson durante quatro anos – rastreou as suas propriedades, os seus computadores, os telefonemas, etc. – e divulgou um arquivo com mais de 300 páginas, dizendo que não havia absolutamente nada que sugerisse, remotamente, que ele era um agressor, e o público (e os mídia) ignora completamente isso. No entanto, dois mentirosos confessos – em tribunal inclusive -, Wade Robson (que se refere a si próprio como “master of deception’”) e James Safechuck, podem apresentar uma história sensacionalista e completamente unilateral (‘estória’ e não documentário) que literalmente não contém nenhuma evidência (e está cheia de inconsistências) e uma grande maioria do público não questiona isso.
Os jurados que declararam Michael Jackson não culpado no julgamento de 2005 concordam com o FBI. A jurada Paulina Coccoz disse: “It was pretty obvious there was no molestation done… it was pretty obvious that there were ulterior motives on behalf of the family. And the mother, she orchestrated the whole thing… there wasn’t a shred of evidence”.
Só porque uma história é gráfica e perturbadora não a torna factual. Antes de julgar qualquer algo ou alguém, pesquisem. Factos não mentem, as pessoas sim.
Em resumo:
Se quiserem ver Michael Jackson como um pedófilo, veem. É fácil ver. Ele admitiu que crianças dormiam no seu quarto (que em si é do mesmo tamanho duma pequena casa de dois andares) e foi acusado de molestar crianças por mais que uma vez. Ele não é o ‘nosso’ típico vizinho do lado, era inegavelmente excêntrico e certamente não viveu uma vida convencional.
Mas para qualquer um que se tenha dado ao trabalho de investigar as alegações contra ele – realmente investigá-las – há evidências mais do que suficientes para demonstrar que ele foi vítima de extorsão e falsas alegações nos últimos vinte e cinco anos. No entanto, apesar do Departamento de Polícia de Los Angeles declarar que Jackson se deve presumir inocente, apesar de um júri considerá-lo inocente em todas as acusações, apesar do Departamento de Crianças e Serviços Familiares de Los Angeles o investigar duas vezes e ilibá-lo do crime, apesar de o FBI conduzir uma investigação minuciosa na qual nenhuma evidência de delito ser encontrada, e apesar dos processos póstumos com intenções monetárias dos seus acusadores serem rejeitados em tribunal, o tribunal da opinião pública pode, infelizmente, vir a ser o que define esta saga e uma grande parte do seu legado.”

Para mim não restam dúvidas, pois nunca deixarei de escutar Michael Jackson ou de ter a visão do artista que sempre tive, já que o Homem para mim nunca passou de um mito.
Resta pois a espuma dos dias em que a fúria puritana o tenta apagar da História, como se eles também não estivessem estado em Neverland.
Não me atrevo a questionar a veracidade dos factos nem das narrativas que nos entretêm.
Mas custa-me a crer no doce embalo que uma Mãe possa ter tido ao entregar cegamente o seu filho a quem agora diz ser pedófilo. Uma criança se corrompe. Um adulto é acessório de um crime.
E agora quem se julga, ou onde cabe esse julgamento?

Resta a questão: afinal quem deixou Neverland…

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