Assumo, dei-me ao trabalho de assistir ao segmento televisivo onde Mário Machado, um assumido skinhead neonazi, é entrevistado sobre as suas saudades salazaristas de um país salazarento e onde os mea culpas são reflexo da ditadura que vivemos.
O resumo da ópera é simples: guerra de audiências.
A TVI sem Cristina Ferreira traz uma narrativa despreparada, desse simplório que um dia foi preso ao engano por matar um preto, às suas audiências matinais.
Dizem que o arrependimento mata… mas não as audiências.
E os despreparados que assistiram à narrativa de Mário Machado, perceberam eles que se numa Democracia onde a Liberdade de Expressão existe, o contraditório sobre a mentira devia ser a pauta factual que nos rege?
A TVI não apresentou uma entrevista. Apresentou um segmento de entretenimento onde o pseudo jornalista (assim designado por nem carteira profissional ter) Bruno Caetano, que trouxe Mário Machado, não hesitou em responder “pela autoridade” aquando perguntado “Achas que faz falta um Salazar?”, motivo pelo qual o movimento Nova Ordem Social se manifesta em Fevereiro próximo.
Bem sei que Manuel Luís Goucha tentou “esgrimir argumentos”, desde logo embocando aquilo que também eu sempre invoco, a sacrossanta Democracia e o seu direito absoluto à palavra de todos.
Mas aquilo que ali se viu, e ouso dizer travestido, não é Democracia.
Mário Machado, em peles de cordeiro, não apela à Democracia. Apela ao retorno da Ditadura instituída no binômio ‘não odiar os outros, amar é os nossos’, numa tangente divisionista onde racismo e xenofobia são ardilosamente re-significadas para um ‘a bem da Nação’.
Menos mal que a televisão é a cores ou o cromatismo apenas diria que o mundo é a Europa que se visita e os Africanos – a vontade recalcada de dizer pretos era tangível – em gangues que desproporcionadamente ocupam as prisões portuguesas.
O ‘Diga de sua (in)Justiça’ fez justiça. Mostrou o lixo televisivo que se produz, a mediocridade jornalística que temos, e desvela o porquê este tipo de margens extremistas ganham vazão para aparente razão. Sem real contraditório ou um público informado, saídos de um 25 de Abril estaríamos numa Ditadura Comunista. Felizmente houve um 25 de Novembro.
Resta saber pra quando outro…
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