Desde a antiguidade que o conceito de sandália tem uma conotação simples quanto àqueles que as usavam; humildade.
Relegar a alguém o epitáfio de sandálias da humildade é a virtude de uma vida chã. Dizer que usou sandálias de ouro, por antítese, ganha um tom pejorativo.
Mas se a introdução em si é uma ficção recreada para efeito dramático e as Sandálias da Humildade, douradas desde a sua origem, não passam de um quadro cómico num programa brasileiro, o epitáfio de sandálias Teflon bem podia surgir para definir a classe política actual.
Preste-se atenção a António Costa.
Não bastou a forma como se salvou dando o famoso golpe de secretaria para se fazer Primeiro Ministro, mas logra o impensável numa sana democracia onde os valores, que em tempos de intervenção eram apregoados, se tornam mero escapismo ilusionista do “governo não tem responsabilidades” nessa matéria de Estado.
Pedrogão, Tancos, Borba, queda do helicóptero do INEM…
E o Estado fica de sítio quando o Presidente faz seu amigo antagonista e pede sempre uma lacónica investigação. Mas de investigações vãs e respostas pendentes está o país cheio.
Que se queixem os pastilhas Rennie aos aziados, mas nem na época de Passos e Portas o descalabro Grevista era isto.
Pense-se com frieza, a dívida da intervenção foi paga a 100%, o défice mais que controlado, a prosperidade é tema político ad nauseum. Não há razões para que haja tanta greve simultânea e sem sustentação política.
É ou não é a Geringonça um conglomerado ao melhor estilo MAT – Ministério da Alegria no Trabalho – onde tudo se conjuga para a felicidade do Proletariado ser a realidade face à opressora máquina do Grande Capital? Já ninguém sabe os princípios que sustentam os pilares da Esquerda Comunista? Ou do caviar esquizofrénico populista que forma o Bloco?
E do Primeiro Ministro? Daqueles que o rodeiam e que a ele se querem unir?
Que PSD é este? Ou CDS em dimensão-comparação ao colete amarelo que vestiu.
Que peçonha mimética é esta que busca ser igual para se salvar quando a sandália revela a ausente humildade latente.
Pergunto-me se haverá aliança que nos salve ou seriedade entre os poucos políticos que não fogem do público escrutínio.
Todos os outros se assemelham à Sociedade, usando sandálias de Teflon, assobiando para o lado, esperando que nada nem ninguém lhes toque nesta vida de responsabilidades assumidas.