Escrevo de coração aberto e peito expectante de balas, não fosse este meu hobbie, o das farpas, um mundo onde o escárnio se faz bem dizer.
Assim dito, vou escrever em defesa de um amigo. Vou escrever em defesa de Paulo Dentinho. Jornalista, Director da mais pública redação do país, mas também um cidadão privado como qualquer um de nós.

Publico um texto inédito dos ‘anais’ da farpa, quando o site se montava e tudo ainda não passava de um e-mail enviado a alguns amigos.
Nesse remoto 14 de Março de 2015 escrevia algo tão sintomático como verdadeiro do momento que vivemos: Redações.
Um curto texto sobre a Liberdade de Imprensa e o viés politizado que por terras lusas sentia tomar e arredar pé.
Porque hoje parece que é na censura da palavra privada que reside a virtude pública. Ou pior, no juízo daqueles que, em pé de igualdade, se crêem donos da verdade que não lhes assiste.
Púdicas redações onde o púbico vive.

O final antes da nota de roda-pé que faz a defesa que aqui trago é premonitória.

Paulo Dentinho.jpg

Redacções

Há jornalismo a sério e de verdade em Portugal?
Sim e não.
É um misto dúbio de incerteza e vontade.
A pergunta está na verdade mal colocada.
Deveria ser antes: Há jornalismo sério e isento em Portugal?

Neste caso a resposta afirmativa seria um redondo não.
Não, porque as redacções jornalísticas em portugal, e não só, há que reconhecer, vivem na indefinição de se dizerem isentas quando não o são.
Jornal que é Jornal neste país rara vez, sem que seja ‘filiado’ em algum partido, diz tomar partido por algum partido político ou ideologia, quando na verdade, fá-lo de formas desmesuradas todo o tempo.

A tendência jornalística Nacional, herança da censura dos tempos do Regime, é a dita imprensa livre ser, normalmente, de Esquerda. Não por outra razão que não seja por ser a memória subversiva dos jornalistas que eram censurados nos tempos de Salazar e Marcello, e que, no desabrochar de uma falsa Liberdade, conseguiram publicar a sua panfletagem Libertária e ideológica.
Faz-se, se assim se puder chamar, jornalismo ‘novo’, um estilo jornalístico e literário Norte Americano da década de 1960, caracterizado por introduzir na descrição dos factos reais, a visão subjetiva e emocional das personagens. Ou como eu defendo, a linha ‘factóide’ da informação.

Por esta Terra abençoada os Telejornais, o mass media que divulga a notícia, aquilo que é feito passar, não é jornalismo. São belos pivots, comunicativos, que falam, muitas vezes mau português, e dizem aquilo que a redacção diz para dizerem.
De lá para cá tem-se assistido a um perpetuar dessa escola ideológica camuflada de ideias de Esquerda na imprensa que é um susto.
Não tenho nada contra as pessoas serem de que cor política sejam, mas a desonestidade intelectual em detrimento de uma ideologia de cartilha partidária é, para mim, falso moralismo.

Apesar de termos, ainda, alguns, poucos, partidos políticos na Assembleia, a partidarização política Portuguesa é evidente. Ou se é Esquerda, ou se é Direita.
O Eixo Central, o Centrão, é a maior fraude oportunista para angariar votos que há.
Diz-se que sim para se fazer o não.

E no jornalismo de redacção em Portugal a verdade é esta: Os jornais e televisões, tanto Públicos como Privados, estão a mando dos partidos, sejam no poder ou oposição, com uma mensagem muito clara: votem em mim e não no outro.
As redacções Nacionais, três principais, têm linhas especificas de ataque. Pro Governo, Anti-Governo, e apelo à emoção Popular. Vive-se do jogo do Share, da audiência, do ‘toma lá, dá cá’, e de quem tem mais para mostrar.

As campanhas difamatórias, e pouco edificantes, são a constante.
Salva-se a religião Nacional: Futebol, pois nem Fátima, tirando no 13 de Maio, tem assim tanta importância mais.

Pretere-se tudo a favor da imagem externa: Cristiano, Cristianinho e a próxima Irina que daí vier.

Nota:
Paulo Dentinho, correspondente da RTP em Paris, fazendo lembrar os tempos de Carlos Fino em Moscovo, sai do seu posto de jornalista, este sério – lembrar que fez ultima entrevista gravada a Muammar al Gaddafi, e agora a Bashar al Assad; e vai para Director de Informação da RTP, canal de Televisão Público, marcado pela linha editorial politicamente isenta e ‘integralista’ pro Governação. Quem sabe sejam ventos de mudança, e eu esteja errado na minha redacção de Português.

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