Constança Urbano de Sousa demitiu-se.
Não o fez uma, mas três vezes.
Costa, o Primeiro Ministro, só o aceitou quando se viu encostado a medo por um Presidente renitente na face de um País em chamas enlutado entre mais de 100 mortos.
A, agora, ex-Ministra pediu-lhe para preservar algo que Costa não logrou ter e nela se escondeu fazendo-a refém: dignidade pessoal.
Como logrou ser Primeiro Ministro já se sabe, pese embora a sua sagacidade e esperteza lhe valha em fazer uma solução dita Revolucionária.
Mas se de matemática de salvação compreende, nenhum traço de Humanidade o salva.
Na Assembleia da República, Casa de julgamento sumário onde o Povo se diz representar mas pouco existe, o seu vulto de descaramento ficou patente.
O dissociamento psíquico que mostrou, choroso sobre o seu peso na consciência, iniciando resposta sobre um simples pedido de desculpa – “Se quer ouvir um pedido de desculpas, eu peço desculpa” – para terminar numa notória agressão aos mais fundamentais valores Democráticos do respeito para com quem vive a perda dizendo ‘eu peço desculpa enquanto pessoa, não como politico’, demonstram a sua leviana arrogância.
É a intransigência do passa culpas e incapacidade em se reconhecer enquanto pessoa e político quando a responsabilidade lhe toca.
António Costa não compreende a altura do seu cargo, nem a importância que o mesmo compreende.
Para ele é esse jogo de secretarias e acordos assinados para sobrevivência face a um voto de censura por si ganho.
Confunde a pessoa com o político como se um existisse independente do outro e por cada um se pudesse justificar.
O homem e o político – ambos em minúscula – perdedores feitos vencedores na sua estratégia de varinhas mágicas financeiras e hipócritas lágrimas de crocodilo.
Daí veio o “hoje” eterno.
Quase que passou desapercebido aos incautos olhares acríticos que não vislumbram o refluxo reflexo da Nação, mas não foi o seu ex-Secretário de Estado tardiamente demitido, Rocha Andrade, o primeiro a falar após o voto de pesar?
Que trazia senão a vã glória do agradecimento númerico de um défice martelado e dívida que não ser quer confrontar.
É dramático que assim seja.
E é problemático que o Primeiro Ministro auto-eleito da história Democrática contemporânea encontre apoio e suporte político em quem nele se reveja assim.
Infelizmente é o que resta numa Censura desde logo censurada.
É o poucochinho que temos.
Nada mais que um déspota oportunista de ocasião sem contraditório.
Contradito de nada vale – como se viu.
Veja-se mais.
(digo eu, por favor)