MCrespo

Como é que podem andar para aí a dizer mal do Macron. E do Hollande. Por andarem a gastar umas raras dezenas de milhar em make up e chinós (em inglês diz-se toupée, que eu prefiro porque tem uma sonoridade mais bizarra) para descrever a cabeleira parcial no alto da cabeça usada para cobrir calvícies ultra conscientes e carecas irresponsáveis, ou para efeitos teatrais, diz a Wikipedia, acrescentando o pormenor de um toupée poder ser de cabelo artificial ou natural (para disfarces mais precisos).
Ora criticam-se Hollande e Macron quando, afinal, o que são os parcos dinheiros públicos que os presidentes franceses distribuem em tratamentos cosméticos comparados com aquilo que o MPLA investe em enfeites dissimulatórios e transformadores?

“Amendoins” diria o transformista Berardo que faz com que o nada se metamorfoseie em fortunas que não principiam nem acabam, porque nasceram do amor que há entre Deus e o Diabo (não é plágio é Régio) – de facto Berardo disse “peanuts”, mas eu prefiro amendoins (outra vez mais bizarro) e, uma vez mais, esta crónica ficaria melhor lida do que escrita pois eu nunca consegui mais do que produzir pequenos guiões (uns guionetes) para standup comedy (eu trabalhei no telejornal).

Voltemos ao tema at large – o que são umas dezenas de milhar de Euros gastos em rímel e laca para tornar Hollande num símbolo sexual, comparados com o que o MPLA gasta em Kwanza convertível para por o transformador Martins da Cruz a transmutar José Eduardo dos Santos em Nelson Mandela.
“Amendoins”, ou quando muito, “Pistacchi”. Vamos transcrever o que o nosso antigo Ministro dos Negócios Estrangeiros disse à Sábado porque, primeiro, na Sábado escrevem melhor do que eu, depois, um cronista at large como eu, gosta de citações; a saber: “(…) mais do que em Angola, na região, José Eduardo dos Santos continuará a ser uma referência política tal como Mandela foi na África do Sul”, diz o antigo chefe da diplomacia de Portugal que, qual Nostradamus ou Paracelsus (o verdadeiro apelido deste último  alquimista era Bombastus), transforma escorias em ouro ou tal como (com isso não se brinca) água em vinho.
É um dom dos transformadores e, tudo o indica que seja, um dom dos ex-Ministros dos Negócios Estrangeiros de Portugal que, por cada estada nas Necessidades, adquirem os prodigiosos poderes de Bombastus e depois usam esses poderes a troco de trinta moedas de prata (a inspiradora Barganha de Judas) e nunca mais Necessitam.

peanuts
“The Lord will provide”
Vamos a outro Bombastus das Necessidades, o inimitável Paulo Portas, que em transmutação inversa exalta José Eduardo dos Santos porque, citemos: “(…) não é Mugabe nem Obiang”.
De facto é insofismável. O Presidente emérito  de Angola não é nem o Chefe de Estado da antiga Rodésia do Sul nem da actual Guiné Equatorial, esse membro espanhol da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa que entrou pela mão complacente e previdente de um governo de Paulo Portas e um punhado de promissórias de compra do Banif (olé).
Paulo Portas é também caracteristicamente exacto quando descreve José Eduardo dos Santos: “Na leitura histórica, José Eduardo dos Santos não é apenas um dos vencedores da guerra, é um dos construtores da paz (…)”.

Nada como um executivo da Mota Engil para reconhecer outro “construtor”. Haverá muito nome a chamar ao Presidente Angolano, mas o mais apropriado é de facto “construtor”, que deixa como legado executivo um concurso sem regras de uns biliões em obras públicas entregues à mulher “mais rica de África”, que é a sua filha.
Logo a seguir, os Bombastus das Necessidades que depois destas tentativas de proselitismo transformador da realidade que os deixa (aos dois) seguramente a Necessitar muito menos, lançam-se na lavra de doutrina.
Para Portas: “Uma parte das instituições e sectores de opinião em Portugal comporta-se como se o império ainda existisse, analisa África sem sequer a conhecer e atua com a arrogância (e o preconceito) dos educadores do povo”. Bombastus da Cruz, não tem a verve do seu par em Necessidades, mas tem o mesmo nervo e sintetiza esta Pedra Filosofal que ninguém suspeitava: “Angola não é o Alentejo”.

E assim vai o Mundo. A realidade a ultrapassar sempre a ficção, mesmo numa crónica at large. Eleições em Angola, ainda sem resultados oficiais, com Martins da Cruz, actualmente com a profissão de observador internacional de eleições em Angola, a dar o seu avale de garantia de lisura dando o sucedâneo já como sucessor. Portas vaticina o sucesso, Marcelo de braço dado com Costa saúda o sucedido elevando uma taça de vichyssoise no banquete de Moamba em que todos participam.

Deixe uma Resposta

Preencha os seus detalhes abaixo ou clique num ícone para iniciar sessão:

Logótipo da WordPress.com

Está a comentar usando a sua conta WordPress.com Terminar Sessão /  Alterar )

Facebook photo

Está a comentar usando a sua conta Facebook Terminar Sessão /  Alterar )

Connecting to %s

This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.