Ao fim de uma semana de Governança – melhor eufemismo não encontro – de Donald, o Presidente, Trump, fala-se muito da sua incapaz diplomacia. Ressalta-se o facto que de diplomacia a criatura nada tem, mas que disso já se esperava, não fosse o acto diplomático uma parte, neste caso infinitesimal e esquecida, do que é a política externa que um Governo decide implementar.
Assim dito, a sincronia atempada e bastante respeitável – para quem nele votou – fazem da palavra dada, palavra mais que honrada do candidato feito Presidente Republicano desses Estados Unidos da América.
A questão é como se vão eles manter unidos?
Os factos tornam-se alternativos à velocidade em que tweets são escritos por forma a dessensibilizar uma plateia mundial incrédula com um pato-bravo feito o líder do Mundo Livre. Mas é justo aqui a liberdade do individuo se aprisiona.
Se a maioria das ordens executivas que assinou apenas correspondem ao Povo Norte Americano, outras fazem tabula rasa naquilo que à diplomacia concerne e, não relativizando, ao equilíbrio pragmático das relações sócio-económicas entre países que vivem da globalização.
O America First é jargão populista e perigoso quando apenas serve para construir muros e fazer dos Estados Unidos em si mesmo uma espécie de campo de concentração dos interesses de Trump.
A quebra da Trans-Pacific Partnership apenas demonstrou essa mesma fragilidade, abrindo portas para que a China possa revidar e assinar acordos com os mesmos países, produzindo mais barato, sendo desde logo melhor.
Já a sua imposição, numa retórica alarmante sobre o triunfo da liberdade em tempos de guerra e paz, sobre o México em pagar o muro fronteiriço com os EUA, mostram em como Trump pensa que a política se faz ao estilo de um Aprendiz apto a vencer um programa de tv. Vive numa noção feudal em que a ele tudo lhe é devido pelo simples facto de existir.
Trump esquece que o feudalismo é letra morta em Democracia, existindo apenas em regimes Ditatoriais onde as lentes Ocidentais não são autorizadas a entrar. Lá se erguem muros e condicionamentos sob ameaça de retaliação.
Quem sabe por isso, ou talvez não, não logra honrar a cúpula do próprio Capitólio, justo defronte de onde assumiu os poderes que agora aplica, e onde a Estátua da Liberdade, por vezes chamada de Liberdade Armada, ou como na sua designação original, Freedom Triumphant in War and Peace – Liberdade Triunfante na Guerra e na Paz –, encabeça o topo.
A escultura feminina em bronze, 6 metros de altura, 6.800 kg de peso olhando o sol nascente, faz-se adornar com um manto nativo-americano, capacete militar e, claro, as insígnias da jovem Nação, estrelas e a águia-de-cabeça-branca, sob o mote que a todos une: E pluribus unum.
É que tendo o Capitólio, essa Liberdade, sido construído por escravos, imigrantes, gentes de todas as partes de um Mundo que se fez Global, o meu talvez não se reveja neste “De muitos, um” Donald, o Presidente, Trump, neto de imigrantes, casado com imigrantes, porta voz de uma renúncia tão notória e própria daquilo que sente e se vê, desse seu facto alternativo que não consente e se quer apropriar: será sempre ele ‘first’, numa realidade onde a diplomacia se crê genética de manipulação e o aprimoramento são crises existenciais fáceis de resolver como erguer muros, agarrá-las by the pussy ou fixar o penteado com laca.