Serei directo: nada tenho contra quem decida ser Comunista.
O mesmo digo de Cristãos, Islâmicos, Hindus ou Budistas.
E digo que nada tenho em contra porque o Comunismo actual, aquele a que assistimos hoje – sobretudo em Portugal onde ainda tem uma notória presença eleitoral – é museologia viva que mantém a memória de algo que, a ter ocorrido, não singrou na perpetuação de mais que um mito.
Não me interpretem mal. O paralelismo religioso é tão óbvio que se faz justo quando se menciona a reunião Magna do Partido Comunista Português e o seu líder Jerónimo de Sousa a discursar sobre o passado, presente e futuro da Esquerda Portuguesa.
Camaradas, para um partido cuja necessidade básica é a não aceitação de uma fé religiosa, aquilo era uma verdadeira Homilia Pascal sobre quem se foi e no caso ainda não ressuscitou.
Mas como tudo na vida há sempre esse respeito institucional que se faz, reverencia e aceita, como forma de algo que cumprirá neste novo ano que chega 100 anos de implantação supra moralista. Quem sabe por tal eu os tenha aplaudido pela forma como souberam respeitar um Rei quando isso está inscrito no seu ADN como algo depreciável?
Na verdade é sobre a mão destes Comunistas, que já nem crianças comem ao pequeno almoço, que recai o sustento profilático de uma Geringonça onde parafusos saltam e peças se desconjuntam.
São directos: “Temos que retirar o máximo desta relação de forças.”
E da mesma forma que cumprimentaram o Rei conseguem dizer que Fidel não foi um Ditador. Isso é errado, mas sobre o melhor pano cai uma nódoa, já que se conseguem acertar e assumir claramente que depois de formalmente divorciados nesse acordo, “O PCP não se diluiu e não é força de suporte do Governo”.
Aquilo que o PCP sabe bem demais é que, chegando ao seu centenário, saindo de uma malograda governação de má memória, poderá cumprir a sua fasquia ideológica dizendo que governou, impôs a sua lógica e razão em defesa dos trabalhadores, operários, sindicatos…, mantendo-se firme à sua existência endógena de ser.
No fundo poder-se-à dizer que a mensagem desta Homilia é justo essa, de que o Comunismo em Portugal está morto mas vive dentro de cada um de nós, mantendo um lícito equilíbrio de forças onde os valores de uma moralidade co-habitam para algo que pode (e deverá) ser melhor.
O Comunismo morreu, Viva o Comunismo!