Tendo sido aceites a denúncia, pronúncia, e agora o relatório com toda a base jurídica e política em que se sustentam os crimes de que a Presidenta afastada, Dilma Vana Rousseff, é acusada, a 25 de Agosto de 2016 será feita a votação final que a cassará do cargo que nos últimos sete anos ocupou.
Finda a longa, e penúltima, sessão, o placar desempatou-se a 59 votos a favor e 21 contra.

Entre eles, na lista dos 51 senadores inscritos para falar acerca das suas intenções de voto, aquele que foi o último prego no caixão de Dilma. Ou melhor, o último prego no Requião.

Roberto Requião, Senador pelo Estado Brasileiro do Paraná, foi o antepenúltimo Senador a discursar naquela que poderia ter sido a mais longa noite do Senado Brasileiro*.
A não ter sido, serviu como uma mostra da virulência conspirativa que abunda entre a ignominia político-partidária em que a máquina Governamental Tropical se tornou.

Filiado no PMDB, único partido sobrevivente, e oposicionista, da Ditadura Militar, o Senador fez aquele que foi o mais inesperado e agressivo discurso vindo de alguém cuja base aliada se desfez para provocar o caos político que se prevê resgar um Brasil tão necessitado de uma mudança concreta.
Citando o escritor português residente, até à sua morte em 1982, em Curítiba, Sidónio Muralha, termina o discurso com o poema “Parar. Parar não paro.”, naquilo que foi, além de uma acção de militância política, uma acção dilatória contra aqueles que chamou de amigos e que ali, com a maior bravata, traiu.

A verdade, pura e dura, cristalina e solar – como o próprio diz – é que na mais é sólido, nada mais é confiável. A acção da Lava Jato produziu uma terra política arrasada. O Governo interino e a oposição, todos estão nas listas de Marcelo Odebrecht.
35 dos senados presentes a votar são citados directamente. Até o próprio relator do parecer o é.
Que se anule a sua legitimidade já que todos nele se corrompem com a facilidade que Requião descreve.
Ignore-se a Constituição, a procedência, a denúncia. Os crimes imputados e comprovados que a Presidenta afastada cometeu.

Não. O defunto já foi velado e tentam reanimar um cadáver que já passou da morgue.

Dilma vampira.jpg

A validade do acto, comprovada pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal e, agora à cause do processo de impeachment, Senado Federal, Ricardo Lewandowski, traz essa liça incontestável uma vez que sobre ele recai o passado que o pode condenar.
Nomeado por Luiz Inácio Lula da Silva em 2006 a Ministro do Supremo Tribunal Federal, as suas decisões no caso do mensalão, com aparente viés político, sempre deram a intender a sua preferência pelo Partido dos Trabalhadores, sobretudo pela sua rápida ascensão à Presidência do STF.
Ironia golpista do destino daqueles que tanto fazem por dividir um país que se busca unir, Lewandowski tem sido meritório do seu cargo pela isenção demonstrada.

Somente a amnésia conspiratória de quem supõe que a degenerescência económica Brasileira começou com o Governo de Fernando Henrique Cardozo, numa tese de alinhamento político com as forças neoliberais capitalista Norte Americanas é que pode fazer tantas acusações veladas como fez o Senador Requião.
Mais, somente alguém com o seu passado de partidarismo político, enganchado no delírio de uma mentira, pode pedir um regresso momentâneo para o sucessivo afastamento consentâneo de todos assumindo-se partidário da causa de alguém.

Os, aparentemente, derrotados de um Brasil que delapidaram, depredaram, arrasaram e fizeram terra política arrasada, alheam-se da realidade onde vivem para projectar uma mitomania onde preferem concretizar o sonho de uma Pátria imaginária que mais não existe que nas mentes de que com a verdade não vive.

Ao contrário do poema que foi lido, prova-se que o Homem tem avesso, faz-se raro e corrompe o carácter para que, ao invés de barato, lhe paguem bem caro.
“E que ninguém me dê amparo” que o prego no caixão já está bem martelado…

*A cada Senador foram concedidos 10 minutos para uma fala acerca do parecer técnico do relator do Processo do impeachment, António Anastasia, assim como uma réplica de 5 minutos a, apenas, um orador para um pedido de esclarecimento.
Sendo que existem 81 Senadores, se nenhum prescindisse de falar ou ter ao menos uma réplica, contabilizando os tempos perdidos e todo o protocolo e sucessivas votações, a sessão extraordinária de plenário levaria no mínimo 20 horas seguidas, sendo que não poderia – pela importância do facto decorrente – ser interrompida.

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