(texto adaptado de uma publicação original no Facebook a 5 de novembro de 2014)
Tenho sido, ao longo dos últimos anos, repetidamente avisado para tomar cuidado com o conteúdo dos meus comentários em Redes Sociais. De que dar a minha opinião pessoal pode, de alguma forma, ser problemático para mim. Isto na medida que, além de ser mal entendido por quem me lê, vir a ser utilizado futuramente como prova jurídica de alguma difamação que eu tenha feito sobre terceiros.
De que eu não me deveria expor tanto e não revelar (tantos) detalhes da minha intimidade numa página dita pública em que tantos “amigos” – que na verdade não o são – ‘veem’ e leem aquilo que penso e digo.
De que deveria ter uma maior contenção sobre os temas e assuntos que abordo. Não estão dentro dos meus conhecimentos pessoais e, como não sou um jornalista credenciado, isso não me dá o direito a formar uma opinião e de a publicar de forma aberta para que outros a leiam.
Gostava de esclarecer uma série de possíveis equívocos que posso estar a gerar com os meus comentários e textos, sobetudo os de cariz político, económico e social, que escrevo.
Sim, tenho uma opinião pessoal. Penso que todos, numa Democracia onde existe liberdade de pensamento e expressão, a têm e, como tal, são livres de a dar. Não sigo nenhuma linha mediática mas de facto sigo os temas mais mediáticos que acompanho na imprensa uma vez que são esses os temas com os quais vivo, relativos à sociedade onde me insiro.
Vivo em Portugal e falo da política portuguesa. Da economia portuguesa. Da sociedade portuguesa. E de mim, da minha vida, e de como eu me insiro e vivo na sociedade, com a/e na economia e política portuguesas. Entretanto tenho nacionalidade Brasileira e, por tal, também faço comentários e dou opiniões sobre temas brasileiros, na mesma linha de pensamento que Portugal, embora os faça com maior distanciamento, uma vez que não vivo fisicamente no Brasil. Faço também comentários sobre temas internacionais, já que não me interesso fixamente por temas de cariz lusitano. Desta forma já fiz e escrevi publicações sobre tantos outros temas e assuntos, sobre diversas ideias que tive e vou tendo, que não dá para listá-los todos aqui. Ainda assim esclareço: Não sou jornalista, nem tenho nenhuma filiação na área. Colaborei na Le Cool Lisboa, mas fora essa experiência pessoal, não tenho nenhum contacto directo com os meios de comunicação que não seja pela leitura de jornais e visionamento de telejornais.
Muitas vezes falo de temas dos quais não tenho nenhum conhecimento profissional. Acho natural. Não posso falar deles com certezas absolutas, e sempre que o faço tento me informar o melhor que um amador pode, mas se me limitasse a falar apenas daquilo que estudei no meu percurso académico acho que a minha visão do mundo estaria bastante limitada e a minha capacidade intelectual seria muito redutora.
Interessar-me por algo mais abrangente que aquilo que estudei nos tempos de escola – ou Universidade – parece-me algo natural e louvável. A cultura deveria ser a base da educação de todos, sempre a crescer de forma natural, partindo do interesse pessoal de cada um.
Sobre expor a minha intimida em Redes Sociais. Não o faço por hábito. Não significa que pontualmente já não tenha mencionado factos pessoais sobre a minha vida, mas normalmente não refiro detalhes sobre a minha vida privada ou intimidade. Posso dizer onde estive durante o dia, até onde almocei – apesar de achar que isso não interessa – mas não revelo, por hábito, com quem almocei ou sobre o que conversei.
Há que distinguir falar sobre factos concretos da minha vida – daqueles que não me parece que haja mal saber da sua existência – daqueles que fazem parte da minha intimidade e vida privada. As Redes Sociais, para mim, não são um diário de intimidades. Podem ser sim uma plataforma de ideias, opiniões e conhecimentos, conversas e discussões, que se têm em sociedade. Falar permanentemente de amenidades e sobre aquilo que se comeu e publicar as fotos das férias parece-me demasiado superficial para se definir a vida de alguém. Ou pelo menos para definir a minha vida por inteiro. Quem me conhece sabe que falo e argumento. Tenho opinião, defendo as minhas ideias e pontos de vista. Facto que não me faz ser desagradável ou agressivo. Simplesmente uma pessoa que pensa pela sua cabeça.
Sobre se posso vir a ser judicialmente chamado a defender-me acerca das publicações que faço, a resposta é evidente. Claro que sim. Todas as opiniões e comentários que se fazem, quer seja através das Redes Sociais, quer sejam feitas através de outros meios, são passíveis de serem utilizadas contra nós caso sejam consideradas danosas para algo ou alguém que se sinta directamente afectado por elas. Dito isto, penso que apesar de falar bastante e dar muitas opiniões sobre diversos assuntos, tento sempre ser factual e não especulativo. E se o sou, e quando o sou – porque sei que o posso e serei algum dia – tentarei sempre justificar as minhas opções. Baseio-me sempre em factos reais, em notícias que são divulgadas nos meios de comunicação oficiais e, dentro das minhas possibilidades, em todas as informações que consiga recolher e divulgar de forma licita e correcta.
Não tenho nenhuma agenda mediática. Não sigo linhas de pensamento que não sejam as minhas, elas são pessoais, ainda que possam passar por ideias que surjam de conversas e debates que tenha com outras pessoas, normalmente amigos. Inclusive quando falo sobre diversos temas incluo na minha publicação o nome de amigos para que os comentem e façam parte da opinião. Não faço vendetas nem perseguições. Não sou parte integrante de nenhum regime ou ideologia política que tenha na sua base ideais de repressão.
Dito isto, não sou filiado em nenhum partido político, ainda que me considere um conservador liberal, com ideais de direita. Completo: Não tenho amigos baseado nas suas escolhas políticas, raça, credo, opções ou ideologias. Tenho amigos porque vou conhecendo pessoas e criando laços de ideias e encontrando paralelos.
O efeito das Redes Sociais criou uma ideia errada de que temos mais de 500 e tal amigos. A verdade é que ninguém comum na sua vida normal tem um tão grande número de amigos. É quase humanamente impossível manter um contacto directo com 500 pessoas. Na nossa vida acredito que teremos algo como 20 amigos directos. Pessoas com as quais partilhamos a nossa intimidade. E este número é já grande demais. Por isso tenho consciente que, cada vez que escrevo uma opinião, comentário ou ideia numa qualquer Rede Social e os meus 500 amigos os lêem, na verdade não são meus verdadeiros amigos. São pessoas que por uma circunstancia ou outra se foram juntado à minha rede de contactos sociais. Ainda assim não me parece que haja que existir medo em falar de forma aberta e dizer aquilo que se pensa. Terei, e teremos, todos os utilizadores de redes sociais, de ter uma consciência colectiva, pela forma como fazemos os nossos comentários e emitimos as nossas opiniões.
O garante da Liberdade de Expressão foi uma luta dura de sucessivas gerações ao longo dos séculos da história Humana. Tê-la é um privilegio que tem de se saber como utilizar, uma vez que a minha Liberdade termina onde a do outro começa.
1 Comment