A 26 de Janeiro de 2015 enderecei uma carta ao Presidente do Banco Central Europeu Mario Draghi.
Nela explicava aquilo que um cidadão residente na União Europeia sentia serem os problemas macro económicos de uma união micro económica que se afrontava face a todo um iminente colapso bancário.
Portugal saia da ressaca do Banco Espírito Santo, a crise migratória ainda não se anunciava e a frente de extremista que agora domina a política ainda não fazia parte da resposta lacónica que recebi a 22 de Abril do mesmo ano.

Nesse dia Valérie Saintot, Chefe de Divisão da Outreach Division do BCE, respondia-me que “tomámos devida nota das suas preocupações e comentários” e que “o objetivo primordial do BCE consiste na manutenção da estabilidade de preços” alcançando “taxas de inflação situadas abaixo, mas próximo, de 2% no médio prazo (…) para proteger o poder de compra dos cidadãos na área do euro.”
Numa explicação simplificada, remetendo para um link oficial, remetia tudo para essa lógica que nos trouxe aqui, a qual eu tanto contra-argumento: o programa alargado de aquisição de activos.

Se o verdadeiro problema da União Europeia não é a sua questão monetária per se – a diabetes de Krugman existe, mas não será com açúcar que se cura -, a burocratização da “Casa de Habsburgo” que tolda a visão daqueles que se sentam na Comissão Europeia parece ser o cerne da questão que aparte uma improvável Federação.
Não só os princípios geradores da CECA, relativos ao combate da precariedade laboral e de matérias-primas no pós guerra, existem numa Europa a 28, como o desaparecimento virtual das barreiras físicas tem feito surgir inúmeras novas barreiras virtuais que nos afastam de maneira grotesca.

Em primeiro lugar entram as diferentes culturas, incapazes de se unificarem numa só, geradoras de economias dispares, integrantes de velocidades próprias e dissonantes dessa meta constante dos 2% que o BCE tanto apregoa.
Depois, no mesmo sentido, entra a questão da língua. Na Europa dos 28 são faladas 24 línguas e dialectos oficiais. Se a barreira física se desfaz, a linguística mantém-se.
Por fim, numa lógica simplista, entra a questão política. Nem todos os países que constituem a Comunidade Europeia seguem os mesmos princípios Republicanos ou Democráticos. Pode que o hino da UE seja a Ode à Alegria de Beethoven, mas como se tem visto, neste in extremis European, a alegria de alguns é a desgraça de outros.

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Martin Schulz diz  que “União Europeia continua a ser uma bicicleta, mas sem ar nos pneus”, não compreendendo que a união Europeia não é uma bicicleta, são 28, e não é a pressão dos pneus que causa a dita “policrise”. É que nem todos os 28 atletas têm as mesmas capacidades de pedalar ao mesmo tempo em igual sintonia
Assistir ao plenário do Parlamento Europeu, à teatralidade consentânea nessa insistência de compreensão abrangente que os deputados demonstram ter pelos problemas uns dos outros, é demonstração de que aquilo não passa de uma encenação ardilosa sobre o que a União Europeia se tornou.

Vence o populismo demagógico dos extremistas que sempre logram dar a solução instantânea para um problema que se arrastará a longo prazo.
Propõem a sua pauta de terra queimada, onde a Democracia do voto útil se reveste de Constitucionalidade mas a vontade de cada um não é representação total da maioria.

Neste actual extremismo Europeu pende sobre todos a decisão que se determina democrática – uma cabeça, um voto -, vetando o que está rumo a uma génese Grega – onde só os afortunados votavam – e regressando ao possível equilíbrio económico social e Humano, prescindindo seguramente do excesso a que a União Europeia chegou.
A Europa não é só uma União, é um Continente de diferentes entre iguais. Não pode regredir nem regressar ao seu passado bélico (recente).
Recentre-se a ‘Europa’, descentrem-se os Europeus.

#felizaniversárioUE

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