Nesta semana que passou fomos brindados por duas polémicas cuja representação vigente apenas surgiu pelas decepcionantes respostas que os interlocutors deram ao se ver colocados na ribalta do eterno esquecimento.
Falo de José Sócrates e Jorge Sampaio.
Ex-Primeiro Ministro investigado por corrupção e Ex-Presidente da República de Portugal.
Um decide dizer que o seu convite – aceite – para uma formalidade política “é um sinal da decência e grandeza democrática”, enquanto o outro decide polemizar a sua presença sua na história – como contada dias antes por Durão Barroso – e dizer que ao ter aceitado a Cimeira das Lajes, não a consentiu com conhecimento de causa bélica, antes de paz.
Se a um se propunha o silêncio como melhor arma de contra ataque moral, ao outro lembra-se que a memória histórica serve de honra a tudo o que um dia se representou, não às notas de roda-pé que até agora eram ignoradas.
Aos dois fica esse sentido de não saberem compreender que a vida é ela uma provocação, por vezes leviana, que nos leva ao ocaso, neste caso do pior que a política pode representar. Estas atitudes – a de Sócrates em surgiu como o animal feroz político que antes foi, perspicaz e sagaz, aludindo à decência e democracia que lhe permitem ser inocente até prova em contrário; e a de Sampaio em se vitimizar como não sendo co-responsável político por uma Cimeira que ocorre no País do qual era Presidente legitimamente eleito e da qual nunca tinha nada dito até agora – são o que afasta as pessoas da política, o cidadão do político.
A divisão social não surge apenas porque as pessoas têm mais informação ou se sentem mais perto daqueles que os representam politicamente.
Ela surge porque, no excesso de tudo o que ocorre, é dito, interpretado ou desvirtuado pela imprensa – também ela responsável por parte do dano colateral que ocorre – já ninguém se centra para focar no fundamental e prefere cingir-se ao acessório.
Normalmente são interessantes factos à parte que sustentam jornais e farpas como aquela que aqui escrevo, mas acrescentam muito pouco.
Neste caso apenas serve para mostrar a relevância do título, o ocaso e a decência em democracia, que, como se analisou, é cada vez menor senão nula.