Entendimento

Aquilo que nos vai na mente, enquanto adolescentes, é aquilo que prossegue de forma latente enquanto adultos. A involução ocorre no próprio instante desse entendimento e descobrimos que somos umas crianças pequenas aprisionadas em corpos crescidos e com funções adicionais para as quais não estamos preparados.
Somos essa pedrada no charco do desenvolvimento e dela fazemos razão oblíqua do entendimento de vida.
Existimos e por tal somos. Complexos e complementares.

Se a vida fosse programada e a existência frugal de cada um, uma ameaça de morte iminente, qual seria então o sentido de se viver sabendo de antemão a finitude dessa mesma vida. Se existimos e ocupamos um espaço físico que se transmuta na dimensão que aporta, terá que haver razão maior que o assim justifique. Senão vejamos: somos apenas um ser biométrico de existência limitada que a cada dia que passa vive esse conceito espácio-temporal de degradação física, perpétua renovação até um envelhecimento que sucumbe da forma objectiva que tem. Somos todos uma morte iminente e finita.
A latência existencial é aquilo que, despoletado na adolescência, faz razão de vida e nos dá a continuidade. Tornámo-nos reprodutores, incautos e capazes e damos seguimento à espécie que tende a aumentar.
Razão de vida e continuidade. Entendimento.

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Idade moderna

O Homem no seu encalço desprotegido germinou vida e deu raízes à sua existência. Fez-se a cada dia que passa e deixou as amarras da mudança. De colector passou a reprodutor, e da terra tirou proveito vantajoso que o fizeram esquecer o lugar. Ele criou o lugar e nele habitou até ao dia em que a mudança por elem inferida se transformou ferida. O sangue jorrou e as veias transmutaram-se em canais que a bom porto o levaram. Vivia a jovialidade de uma idade moderna, o princípio de um fim que se anuncia. Sabe-se que de seus membros outros se geram e para cada pai há um filho que uma mãe cria.
Órfãos que tais num momento em que a humanidade vive o seu apogeu da criação. Delírio persecutório do momento em questão. Anunciava-se a data em que tudo teria de voltar ao que era e o colector das sementes lançadas voltaria para germinar essa vida pálida e serena, moribunda e acabada. Eram eles e nós aqui de cima a observar, quietos e parados, como se o tempo não existisse.
Mortais e transformistas, iguais mas diferentes na diferença retórica da existência frugal.

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