Perante o facto acessório de que Portugal tem um dos salários base mais baixos da União Europeia, praticando preços e impostos ao nível da restante Comunidade, ficamos esta semana a saber que segundo a visão financeira do Ministro da Economia, Mário Centeno, a classe média se define para todos aqueles que ganham um vencimento bruto de 2000 €.
Claro que isto define bem a cornucópia da abundância restrita que o Orçamento do Estado acabou por ser, dando aqueles que os aliados da Geringonça fazem – e bem – por proteger, mas acabando por recair na maior parte dos eleitores que dizem – dizem! – ter votado no Partido Socialista, a classe média.
Farei um exercício de dialéctica mental sobre o que é esse virar da página de austeridade pela proposta Socialista de Extrema Esquerda Comunista onde a soma e subtracção em Legos desmente o que todos os conselhos do Costa possam indicar como alternativa hipoteticamente realista para uma fuga aos impostos.
Vejamos a piada.
As medidas que retiram a austeridade contabilizam-se em 1391 milhões de euros, enquanto as medidas que reformam a austeridade contabilizam-se em 1577 milhões de euros.
Não preciso ser um génio para fazer a subtracção para perceber que a austeridade líquida é de 186 milhões de euros.

Claro que aquilo que faço, numa estratégia puramente demagógica, é entrar no jogo da política destrutiva de oposição.
Há duas formas de ver a piada. Engraçada ou com graça.
Podemos ter a confiança e acreditar que o futuro é risonho, de que a União Europeia não atravessa a maior crise económica e financeira – sem falar Humana – desde a sua formação.
Que o custo das matérias primas, como o petróleo, não nos manterá numa crise global e que a inflação do Euro não é uma preocupação real.
Por outro lado podemos ser mais realistas, compreendendo que a visão Socialista da vida, contando com um amanhã perpetuamente risonho não é senão uma falácia contraproducente por nos fazer cair na tentação do erro passado.
E isto traz-me ao novo hashtag do momento #conselhosdocosta.
Perante os verdadeiros conselhos do Primeiro Ministro há graves ilações a retirar
António Costa, numa apresentação pública do OE’2016 ao estilo TEDx, explicava como pagar menos impostos indirectos: “fumar menos”, “usar mais transportes públicos” e “moderar o recurso ao crédito”.
Factos são factos e a verdade tem destas coisas. Se no fumar até lhe reconheço razão para que as pessoas sejam mais saudáveis – ainda que isso seja uma decisão pessoal – no que toca aos transportes públicos e ao recurso ao crédito vê-se que a dimensão de Costa foi Lisboa, uma Câmara e o seu umbigo.
Não só a maioria da população portuguesa não tem acesso a transportes públicas com a frequência que existe na capital, como os serviços existentes pelo país a fora, quando os há, são caros e ineficientes.
O único garante que a geringonça pode dar – e que se agradece – é a redução das greves, já que os passes sociais são caros e para os quais, elencando o conselho seguinte, levam muitas famílias a recorrer ao crédito.
O umbigo do Primeiro Ministro é como o de Mário Centeno. Ganhar 2000 € brutos não é o mesmo que receber 1 296,35 € líquidos. Fora isso as restantes despesas fixas mensais, nomeadamente o pagamento de crédito bancário previamente contratualizado.
Moderar os impostos sobre a dita classe média seria mais producente do que privilegiar as minorias que sustentam a Geringonça.
É porque viver num país que obriga cidadãos a recorrer ao crédito para pagar passes sociais tendo um Primeiro Ministro que nem as eleições ganhou e diz para se moderar o recurso ao crédito, é razão para lembrar: “Não sejam piegas, emigrem!”