A necessidade de um orçamento não é uma mera ficção romântica de um filme de Hollywood.
Não se trata de um pagamento adiantado de 5.000,00$ à construtora Sirk Brothers e esperar que a reforma da nossa Mansão de um milhão de dólares- comprada por uns simpáticos 200 mil em condições aliciantes – corra bem.
Na verdade, aceitar tudo o que aquele corrector sem escrúpulos nos disse, fazendo-se de amigo, é ser amigo da onça.
A casa está um caco, os canos entupidos, as paredes têm mofo e tudo precisa ser trocado. Na prática Walter Fielding até pode ser um bom advogado, mas o seu orçamento com empréstimo feito às paixões da sua namorada Anna Crowley são sinais de que a casa vem a baixo.
Ainda bem que esta casa é mesmo mera ficção Norte Americana e que o enredo se trata do filme The Money Pit – Um dia a Casa vem a baixo – porque se a casa fosse um País que vivesse da sua boa reputação e crediário nas instituições Internacionais, a coisa estava mesmo para vir a baixo.
Há uma linha ideológica que defende que os Países não podem – ou devem – ir à falência. Ou se sim, que não fecham portas.
É a mesma linha ideológica que defende o Capital de Marx ou o Liberalismo da Escola de Chicago, com a intransigência fatalista de que o mundo apenas existe enquanto o dinheiro que paga as contas existir, suprimindo a existência Humana entre ele.
Evidente que um País não vai à falência, mas não pelo sucessivo colapso financeiro ou porque a dívida se torna impagável. Nem mesmo porque a casa vem a baixo.
A Sociedade actual – vista, revista e piorada na sua classe política – tornou-se no Money Pit, um fundo perdido de dinheiro, poupanças e outras economias, que são sorvidas sem se saber muito bem com que intento.
Ou talvez com algum.
Se o facto do dia foi a ajuda Humanitária à Síria, foi a também a compra de parte de um serviço de talheres D. João V para o Ministério dos Negócios Estrangeiros. Desgraça disto? Ambos custaram ao erário Público 100 mil Euros.
De facto a questão do orçamento já não mais interessa ou sequer importa. Basta fazer uma nota de encomenda, lançar (ou mesmo não) o concurso para a compra, e lá está, é adquirido mais um serviço ou prestação paga pelo contribuinte em favor dessa massa corporativa designada bem comum – a casa.
Só que a casa, que em 2011 veio a baixo, ainda não se refez de uma firma de construção chamada Troika que por aqui passou.
Por vezes reclamamos dela esquecendo que, ao invés de termos sido nós a dar entrada da empreitada, foram eles quem nos emprestou o dinheiro para reconstruir-mos a casa. Setenta e oito mil milhões de Euros para ser mais concreto.
Se o plano orçamentado era pagar, devolvendo o custo da empreitada emprestada, logo logo as voltas da alternância impuseram a ideologia que a certeza não quis se fazer crer.
Bem podem vir os advogados argumentar, mas num orçamento o negócio está na alma, e na falência de um país – ou no seu resgate para mais uma reforma – o que importa é a imagem que se projecta.
Agora esta casa vende uma pujança que não tem, impondo as certezas que não pode, fazendo uma maquinação de culpas nos subcontratados, quando é a própria geringonça o corrector sem escrúpulos que se vende a um preço que não alcança.
O actual executivo mais parece viver uma ficção de Hollywood, onde os orçamentos são puro romance.
Engana-se, pois além do dito em Bruxelas enfrentar o seu primeiro teste, a Troika anuncia a sua chegada em Lisboa para mais uma avaliação, apta, para a casa vir a baixo.