Sócrates estava certo.
Há uma razão nesta Sociedade que faz de nós travestidos e presos na nossa própria ignorância.
Entre a acusação vociferada oportunisticamente e o processo jurídico em surdina.
Ou no caso da actualidade, aquele que no segredo da justiça fica declarado público e notório.
Se a 21 de Abril de 2009 o então Primeiro Ministro dizia que o quarto canal fazia um jornalismo travestido, dois mil e quatrocentos anos antes, por volta do ano 424 A.C., Sócrates, o original, disse que “Sábio é aquele que conhece os limites da própria ignorância”.
E ambos estão certos.
Se por um lado há uma certa certeza na sapiência de se saber ser ignorante e assim conseguir manter a frente de ignorância como modo de sobrevivência/subsistência, por outro lado há a verdade factual de que a maioria gosta de se travestir e fazer passar por algo ou alguém que na verdade não é.
Só que o bom-senso não faz mais parte da elite ignorante que se considera versada na arte da opinião.
Todos merecemos um lugar ao Sol, nessa vã esperança de uma perversão da Alegoria da Caverna versão século XXI. O confronto com a própria sombra é substituído pelo espelho que nos engole, pois o Sol não se termina e a sombra, na braseira de um calor democrático, serve para todos.
Já ninguém se olha ou lê. Vive somente para a sua opinião.
Para o seu umbigo.
Sem contraditório da verdade.
Ou da mentira.
Sócrates anda travestido.
Um foi sábio e fez-se mártir pela cicuta.
O outro ainda não intendeu a imputação criminal que lhe apontam.
É que a ser verídica, quem foi oportuno? A oportunidade ou o oportunista?
Não interessa mais. A Sociedade já não quer saber. Que importa?
Importa dar azo à contradição do contraditório.
Essa a verdade nunca impugna e os jornais por um dia mais vendem o seu papel.
Travestidos, iguais que nós, pobres ignorantes.
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