Em tempos em que as contas Monárquicas eram feitas da chegada do espólio vindo do exterior, do préstimo tomado como seguro e ‘nosso’, aos Tesoureiros Reais – os que faziam a contabilidade do erário da Corte; era dado o nome de Reposteiros.

Eram eles os responsáveis pelo ‘reposte’ daquilo que entrava e saia nas ardilosas contas de uma Casa de Família baseada na fortuna feita em retorno da acção praticada de uma Governação taxativa sobre a protecção oferecida.
Por outro lado, e num sentido de bajulação notório, o cargo de Reposteiro-môr era oferecido ao dignitário da corte que, nas grandes solenidades, descobria o trono ou a cadeira do soberano e colocava almofadas para eles se ajoelharem.

 

Na actualidade um reposteiro não é mais que uma pinderiquice pomposa e afrancesada para chamar ao comum cortinado. Nem cortinas são. É aquele cortinado frondoso, com braçadeiras, atilhos, pingentes, passa-manarias, bordados, frisos e pompons, em trilhos suíços.

Uma desculpa de elegância e eloquência dos tempos da Realeza num mundo de cordialidade Democrática em que se finge ser tão responsável por um ‘reposte’ de verdade quanto bajulador daqueles que nós servimos.

 

Por sua vez, na significância dos significados, enquanto ‘reposte’ seriam os bens adquiridos, hoje em dia o seu significado tem outra definição. É somente designado para móveis, mobiliário, que se guarda numa arrecadação.

 

E como o passado no passado está, os reposteiros de hoje apenas servem para o deslumbre de ostentação momentânea – ou horror eterno; como forma de encobrir a realidade dos factos.

Não há reposteiros de verdade, no sentido da real palavra da responsabilidade económica.

Vivemos entregues a um sucedâneo pomposo de ilusão: Reporteiros.

 

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As contas, venham elas de que origem vierem, parecem ter, transversalmente, o toque de Midas de um bom Reporteiro bajulador da mão que o alimentou e dessa almofada colocada para o mesmo se vergar.

Os números mentem em verdades lógicas de emoção.

Cremos na impossibilidade de um País ter uma dúvida impagável, mas sabemos que essa regra, a nós, comuns indivíduos, não se aplica.

 

Queremos banir os Reporteiros que culminam na corrupção sintomática da Sociedade em que vivemos, mas esquecemos fazer parte da mesma e precisar deles quando queremos acertar as nossas contas para fugir da correcta e real obrigação que temos para com o Sistema.

 

O problema é só um: o sistema está com eles.

 

Os Reporteiros-môr que sabem como fazer quem neles manda se ajoelhar para terem um conforto por eles propiciado.

Porque na sua ausência tudo passa de Realeza a Real.

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