Não sei muito bem quando, nos últimos 70 anos de Paz, desta Europa que de fragmentada se fez una, se estabeleceu que o risco é uma segurança garantida.
Ou como dizem os Libertários Americanos: ‘It’s too big to fail’.

Nada é grande de mais para dar errado, acabar, ou pura e simplesmente deixar de existir.

Se assim fosse, por nada a eternidade não passaria de um mito.
Ok, a eternidade é tão provável como a possibilidade de se conceber o infinito.
É teórico. Na prática ninguém subsistiu, ou sobreviveu ‘tempo’ suficiente para ver ou percorrer qualquer uma das duas.

Ainda assim vivemos nesta permanente ideia de que os riscos de se viver, sobretudo em democracia, onde o Livre Arbítrio é, por ventura, a maior conquista da Liberdade do Individuo, nos permite, de facto, escolher as nossas opções.
Claro que nem 8 ou 80.

Ainda recentemente, perante a aprovação pelo Supremo Tribunal Norte Americano do Direito à igualdade no Casamento Civil para todos, vi-me, nas ‘rédeas sociais’, perante perguntas incomodas como: “se todos têm o direito a se casar, porque não me posso casar com a minha irmã?’

Bem, respondi que nesse caso, além da questão genética, parecia-me uma ponderação de bom senso, mas que de facto isso seria uma impossibilidade legal.
Ao que, numa discussão teológica q.b. (ignorante que baste também), o interlocutor masculino me diz que, se a questão se prendia com a mera questão biológica, quer o Direito a se casar com o seu próprio Pai ou irmão.
Serei sincero. Pedi-lhe que não insultasse a própria inteligência, pois perante esta assumpção de querer correr um risco próprio de estupidez, estupidez e meia:
“Claro, que se case e tenha uma relação de incesto paterna/fraterna, que eu por mim, não a querendo e repudiando, não me oporia por ordem de razão democrática.”

Mas a verdade que se esconde, nesta, até minha, falta de transigência na razão Democrática, é o não querer correr riscos.
A Democracia não está livre de riscos.
Há coisas que são, de facto, grandes de mais e caem.
O mito da certeza é um deles.

Não vale ter certezas absolutas.

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Se assim fosse a Terra seria plana e os exploradores teriam caído mal o horizonte se revelasse o fim de uma paralaxe não existente.
Correr o risco é pedir dinheiro emprestado sem saber se se o vai conseguir pagar e ficar com essa preocupação, real, de divida.
Não é ficar a achar que se pode jogar pelo seguro de se se falhar, irá haver um resgate para uma contradição argumentativa de eterna reestruturação na base do miserabilismo.
Inconvenientes todos temos, mas um contratempo perpétuo é sina de incapacidade ou ambição de querer ter-se o garante do risco.

Mais. correr o risco, na lembrança idiótica da experiência que nunca se viveu nesta Europa contemporânea, foi durante a 1ª Grande Guerra, quando a primeira arma química, o famoso gás mostarda, foi usado pela primeira vez, e a única protecção que os soldados, esses heróicos, era uma simples máscara que nada mais fazia que os sufocar ainda mais, tornando esse assegurar de um risco, um risco maior.

Procrastinar é fácil. Viver é mais complicado.
E as pessoas preferem sempre o mais fácil.

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