No puritanismo Ocidental do ‘politicamente correcto’ em que tudo se pode dizer e nada se contradiz, admito: sou preconceituoso.
Mais, se fosse revelada a minha verdade emocional interior, numa profunda análise do ser, quase poderia dizer que sou ‘homofóbico’.
Certo. Não sou.
Mas quase.
Em Junho deste ano, na ‘Feira das Vaidades’ que a vida acrílica e artificial se tornou, surge com pompa e circunstância o novo jargão que redefine ‘Stonewall‘: “Call me Caitlyn”.
Se na década de ’70 os homossexuais lutavam pelo seu Direito à aceitação por serem como eram, agora tudo mudou.
A genética, essa madrasta que se engana, não mais se busca pela igualdade de género, mas antes pela sua diferença.
É que a Caitlyn que pede que assim a chamem é na verdade Bruce. Ou era.
Bruce Jenner, padrasto da família Kardashian, transformado, cirurgicamente, em Caitlyn.
Uma transgénero.
Há que se compreender algo inerente ao ser, muito bem definido na música que encerra o primeiro acto do musical ‘La Cage aux Folles’ de Jerry Herman:
‘Eu sou quem eu sou’.
‘I am what I am’, cantado pela personagem de Albin Mougeotte define o sentimento de todos aqueles que, sendo o que são, assumem ser quem são.
Albin é um drag queen em declínio, a quem, por não ser aceitável aparecer em público, se pede que se esconda quando o seu companheiro Georges tem de apresentar a ‘sua mulher’ à futura família da noiva do filho de ambos, Jean-Michel.
Para quem não estranha o enredo, esta é a versão original, musicada, do filme Norte Americano ‘The Birdcage’ com o falecido Robin Williams.
A questão fundamental, e quem sabe a base para a maioria do meu preconceito, porventura, até, pouco lícito, prende-se com uma anedota política que assisti.
Numa noite de descontracção, na discoteca Ministerium, localizada num dos mais emblemáticos edifícios pombalinos da Lusa Nação – a Praça do Comércio; entre um espectáculo de pluralismo pseudo homo-erótico ao qual não sabia bem o que vinha fazer ao assistir, surge o vulto daquilo que poderia definir como um travesti.
Do seu alto salto alto, da forma masculina, eis que ali está Isabel. Moreira.
A filha de quem é.
Isabel discursa perante uma sala dos seus. E eu.
Diz, e cito de memória: ‘Temos que defender os direitos homossexuais de igualdade pela diferença’.
O estridente público sassaricando e movimentando em prol de algo mais inebriante que a ideia de uma lícita revolução de ideias, seguramente, não percebeu o contrassenso daquilo que a filha de Adriano disse.
Na vida, perante o realismo ‘real’ de termos de ser quem somos, só existe um caminho: a aceitação daquilo que se é.
Ou seja, o meu preconceito, indo em contra tudo aquilo que Castro – o bairro em São Francisco; nos conquistou, prende-se justo com esta ideia anacrónica com este tempo desfasado que se pretende viver. Ser-se diferente e buscar igualdade, querendo romper com a norma que se quer ‘querer’ ser aceite é pura demagogia populista.
É o mesmo que ser-se transgénero, viver a vida num corpo que se diz não ser seu, operar-se, e esperar que a genética esteja corrigida.
Não está.
Nunca estará.
Eu sou preconceituoso.
‘But at least, I still know what I am.’
Nota:
O meu preconceito prende-se com o desvirtuamento das causas. Defender que o comportamento deve se processar em detrimento de uma diferença biológica, genética, de género, é algo tão liminarmente absorto que não faz sentido.
Ele pura e simplesmente assim o é porque não há escolha em ser de outra maneira.
Defender que seja por outra razão é buscar justificativas onde elas não existem.
Não sou preconceituoso per se. Muito menos ‘homofóbico’, mas sim, tenho restrições com alguns direitos que vejo serem apregoados a favor de ‘todos’ quando o todos é múltiplo e plural.
Isso sim é ser-se diferente.